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instrumentos que tocam
ecoam silêncios brandos
que rebatem e se desvanecem
no ar que circula

trombetas que gritam
como vozes que querem calar
mas o ar condensa-se para explodir

melodias suaves que se espalham
como as ondas do mar se deitam na areia

orquestras soltas sem ensaios marcados
marcam o passo das cidades
estabelecem ritmos na natureza

mais um assobio, um grito, um tombo,
um choque de dois carros, um choro,
um bater de coração,
uma respiração ofegante

o vento a bater numa janela,
uma porta que fecha,
uma porta que abre,
o canto da brisa que entra pela casa adentro

o sol que brilha quando está escondido
a nuvem que se move em silêncio
e carrega os pesos que mais ninguém quer carregar
acumula, rebate-se e explode

águas mil de saudade, de pranto
de alegria
de vida portanto
aquela que não se esgota
esgotando-se no entanto em cada gota que se esvanece

renova-se como o som do instrumento que espera ser tocado
como cada dia que se renova,
no mistério da melodia que tocará
na linguagem silenciosa do som que se repercutirá
Orquestras complexas sem ensaios marcados.

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