Toca corações

 



Quantos corações tem esta árvore? Quantos corações tens tu?

Coração que bate oferece corações por onde passa e vê corações nas flores, nas pedras, no céu, em cada rosto em cada desenho que se forma no olhar do coração que repara.

Essas são as raízes que guiam, que orientam o caminho de quem tem a vontade de despertar.

E se muitos são os obstáculos, as resistências, tenta ver para além do medo. Toca na complexidade do coração com toque de algodão e suavidade de uma pena que cai levemente. Imagina para além do visível e arrisca a vulnerabilidade um passo de cada vez.

E perante outro humano sê humano. É que tocar corações é permitires que te toquem. Que te possas emocionar, olhar para a ferida tocada, para o abraço sentido. E assim rasgado e penetrado poderes-te olhar com carinho.

Não precisares de correr, fugir ou esconder ainda que seja essa a vontade e o caminho que tens vontade de percorrer. E atravessar o desconforto dos abismos e sentires-te. E perante o sufoco da voz que prende, que cala, que abafa.... poderes gritar, chorar, gargalhar. SOLtar. E permitires que através do caos e do desamparo possas criar e que uma nova vida nasça.

E se há a ilusão ou pretensão de tocar corações, de querer ser qualquer coisa, vem a beleza do caminho revelar que a beleza não se toca, toca-nos. Está lá, presente para que possamos contemplar e reparar.

Não há nada para tocar a não ser a partir do lugar te expores para que o vento de bata na cara e poderes sentir a brisa fresca ou quente e permitires que todas as sensações te percorram o ser. E aquela árvore que sempre ali esteve poder cada dia tocar-te em lugares diferentes... 

Não queiras tocar vidas, que possas Tocar a Vida permitindo que ela te percorra por todos os poros. Porque que raio viríamos com 5 sentidos mais o extra e os extra.... foi para sentir.

E se te tocas, tocas. Abres espaço em ti para que muitos vivam em ti. E abundância é permitir que o fluxo chegue sob formas que nem imaginas nem tens como adivinhar... e permitir que cheguem. Que possas ser supreendid@. Há um pulsar, o toque vital que nos alinha o ritmo e nos abre. É o toque suave de sorrisos abertos que dançam na sua fragilidade, que preenchem o espaço com o amor que conseguem ser e com a ausência também. 

E no intervalo de cada compasso pulsante ouvir o som inaudível do toque que reverbera.

E aquela árvore à porta das muralhas da cidade velha, de tronco fino e raízes fartas ilumina-nos com as flores de fogo, do sangue de vida. E tocou-me os vários ângulos, perspetivas, de baixo, de cima, de longe, de perto e continuar após contemplar a receber o toque através do fragmento de imagem captada.

E o que toca corações?  A existência e tudo o que está dentro dela, a Vida, a Morte e toda a impermanência. E o coração que bate é assim tocado.






Comentários