Pronta!


 A primeira vez é sempre a primeira vez. Leva-te ao estado de borboletas no estômago, ao desconforto do que ainda não foi feito, à ativação do sistema nervoso, do pensamento acelerado (a dita ansiedade) e tudo e tudo.

E tudo é sempre a primeira vez ainda que tenhas a sensação de que estás a repetir-te. É a ilusão de que já sabes que te fixa e aprisiona as lentes na forma como processas o novo que te surge momento a momento. A necessidade de conforto faz arranjar estratégias de controlo, de proteção para gerar o tal aparente conforto.

E ela experimentava coisas... sempre. Sempre se desafiava a aprender, a colocar-se em cenários novos, a desbravar e romper caminhos. E lá estava ela sentada naquela cadeira para praticar, ensaiar o aprendido, pôr-se à prova com supervisão.

E perguntavam-lhe estás preparada? E observando a pergunta e contactando com as sensações que lhe iam dentro... responde: não. Mas estou pronta para experimentar e espero que o caminho me prepare. 

Mas não me sinto preparada, mas pronta para a vontade de querer atravessar. E coloco a intenção de abrir, de contactar com o que vem com a maior honestidade e autenticidade que consiga ter.

Parece fácil e simples?!

É que são tantas as estratégias inconscientes e subtis que usamos para tapar o desconforto, para o fazer de conta que está tudo bem, que até de nós escondemos sensações e vulneráveis. 

Queremos salvar-nos até de nós.  Saberei eu suportar-me e agarrar-me no desconforto sem querer arrancá-lo, abafá-lo, julgá-lo?

E achamos que é dos outros que nos queremos proteger, que nos possam chacinar, quando é a ti que tens de observar. Como se manifesta o inimigo que vive dentro e com que armas distribui o auto-ataque?

Nascemos prontos.

E levamos toda uma vida a achar que temos de nos preparar. Andamos com os olhos demasiado abertos e distraídos com o barulho das luzes. É no escuro, no silêncio que a luz vem.

A Luz que sabe, que se reconhece e recorda. E quando sabes que estás Pront@, só tens de acompanhar a preparação que acontece, que sabe caminhar.

A preparação vem no momento a momento. O corpo sabe que respira sem ter de pensar e preparar-se para o efeito. 

E cada vez mais paro e coloco-me à escuta, para que o corpo fale, as imagens venham através da mente e o sentir reconheça.

Estou pronta. Fecho os olhos e abro os braços para Escutar.

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