Falas de amor. Falas de ti.
E eu falo de mim.
Elogias-me
E eu falo de mim
"Tu completas-me", dizes-me calorosamente, como se uma parte de mim te pudesse preencher. No fogo da paixão e do desejo, as palavras saem em demanda para que possam completar as emoções sentidas. E elogias para saciar esse desejo que te sai por todos os poros da pele.
Teces-me os melhores elogios que te vêm à mente para de mim falares. Quando a ti te diriges, sem que tenhas um espelho para te olhares.
Elogio-me como se não te conhecesse, ainda que habites em mim todos os dias. Falta-me o espelho da alma que reconheça permanentemente o todo que sou. Por isso olho para ti, como se estivesse incompleta, uma sede por me sentir saciada. E nesse espelho embaciado pela respiração que me lembra que estou viva vai-me elucidando para estou, não estou. Presente, ausente, presente, ausente, num eterno jogo de abandono e mimo.
Tu seduzes-me e enleias-me nos teus braços quando me entrego, totalmente rendida. Nada falta, nada sobra e adormeço confortada nos teus braços, que são os meus.
Reconheço-te por fragmentos que mostras dentro e que mostras fora. Dás-me experiências, tocas-me e permites que seja tocada. E vou-me abrindo cada vez mais sem medos.
Moro no corpo que visto, na voz que uso, no movimento que expresso, no olhar que perceciona, no coração que sente nas crenças que a mente regista.
E por ti me apaixono todos os dias. Sempre de uma forma diferente e renovada. Há sempre partes novas que descubro, partes que me iluminam outras que abomino. E conquistas-me. Sempre.
É um romance que escolhi com data e hora marcada, sem que tenha memória disso. Não te escolhi, ainda que sejamos partes inseparáveis.
Quando escolho abandonar-te vejo-te nos outros que encontro no meu caminho e torno-me a apaixonar. Levo tempo a perceber que és parte de mim. Quando te aceito e mimo estás em todo o lado e reconheço-te no primeiro instante.
Ai, amor o que seria de mim sem ti e de ti sem mim? Como nos poderíamos manifestar neste ser que é e que aprende a cada momento a ser.
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Cuspidelas