Ainda não está pronto. Os ingredientes estão dispostos em cima da mesa. Já olhei para eles e imaginei pratos deliciosos. Mas não sei bem ainda o que hei-de cozinhar. Talvez não tenha fome e esteja saciada. Mas os ingredientes precisam de ser cozinhados ou perdem a validade. Mas que raio hei-de fazer com eles? Criar um prato novo. Eles olham para mim e pedem para ser tocados. As mãos já mostram vontade de se mexer. Primeiro no papel, a necessidade de desenhar com eles. Há uma espera paciente para que as mãos se sintam prontas para manuseá-los e trabalhar com eles.
Não há necessidade de saciar a fome. Parece que ela não existe. Há a necessidade de saborear cada sabor, cada textura. Usufruir.
Aqueles ingredientes serviram tantas vezes para matar a fome, que ela morreu de morte natural. Perdeu-se alguma coisa pelo caminho, para dar lugar ao novo. Agora sim, está pronto a revelar-se.
Quão bom é saciar a fome que nos alimenta o corpo! E quão maravilhoso é alimentar a alma com o colorido de todos os ingredientes que a natureza se encarrega, de forma natural, de nos colocar na mesa das nossas vidas! Viver é tão simples, apenas temos que inspirar o puro ar que nos rodeia, oxigenar todo o nosso ser, libertos das toxinas mas, repletos das vitaminas e nutrientes, na quantidade exata, que nos guiará ao estreito mas delicioso caminho da felicidade... E essa felicidade encontra-se no estado puro dos ingredientes, não precisamos de pratos gourmet ou demasiado elaborados para que a vida nos sorria ...é tão bom ter fome, quando sabemos que há todo um vasto leque de cenouras, pepinos, tomates, pimentos etc etc que esperam alegremente pelas nossas carinhosas dentadas! ;)
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