Sevilha, Janeiro de 2020
Tomava a decisão de ir aprender além fronteira, na terra vizinha, Espanha. Uma nova formação, um curso de 3 anos. E há sempre viagens dentro da viagem. Tantas as dúvidas e o debate interno: o investimento de tempo, preço, uma língua estranha, um grupo novo que já tinha começado 2 meses antes.
Foi respirar fundo, calar o diálogo interno que queria garantias sobre aquela ser a melhor decisão a tomar. E a primeira prova era positiva. Sentira-se em casa, acolhida, pertença logo na sua estreia com o grupo, e compreendia perfeitamente o sotaque sevilhano (a foto foi tirada no final da formação e reflete o brilho do tanto recebido).
E hoje ouvia um discurso numa formação online que apanhei ao acaso, o Poder da Decisão. Quando tomas uma decisão despoletas toda uma jornada e um percurso dentro e fora de ti. E quanto maior a decisão, maior o caderno de encargos, a desenvolver.
É que aprender é tomar, receber, prender. Algo novo se integra e entra em todos os meus corpos e células. E o que se aprender vai para além do currículo, inclui as atividades extra-curriculares que acontecem em paralelo no dia a dia.
O limbo da dança está entre optar pelo que é seguro, conhecido, controlado e pelo salto de confiança na vida.
É que a formatação de onde vim, de onde vimos fomos ensinados a necessitar de segurança. Só depois dela estar devidamente assegurada é que se pode voar. Então achas que voas, quando na verdade tens uma anilha presa na pata com uma corrente ao ninho.
E a segurança não existe. É uma ilusão que te mantém estático. A jogar à defesa na vida. E à medida que caminhava ia sendo posta à prova... é que havia outra Decisão que ela tinha tomado em 2015, viver do que a fazia feliz, partilhando a sua visão de mundo, as artes, a dança, o desenvolvimento do ser, o caminho de volta a casa, e aí poder brilhar na sua autenticidade e ainda um pouco mais atrás em 2013 tinha também Decidido viver em verdade, expressar os seus dons, chegar a muitas pessoas e colaborar em comunidade a criatividade. E hoje, aqui agora vai recebendo as experiências, as circunstâncias, os desafios para ir desformatando, purificando, para caminhar mais leve e ir refinando as suas novas Decisões.
E cada vez mais se aceitava a si mesma e entrava em Confiança, recebia às vezes a visita da dúvida, mas aprendera a conversar com ela, a agradecer-lhe a presença e a perguntar-lhe o que tinha de útil para entregar e a render-se às experiências que precisavam de ser vividas. Confiar que saberia com lidar com o que viesse, a dizer sim.
E nesse espaço entre o conhecido e o desconhecido, nesse intervalo começava a apreciar a beleza, o amor contido no próprio mistério da vida. A magia do não saber, do não esperar.
A fazer o que lhe tocava e a esperar o que surja, sem ter de saber o porquê e muitas vezes nem o para quê. E aí no momento, no presente, estar recetiva e aberta para a música, a dança e o baile. Esse é o grande milagre, a festa a ser celebrada e apreciada. A VIDA!
Saltas?
É que do outro lado do véu a energia eleva-se, magnetiza-se e irradia.
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