Prometo falhar-te.

 

Frente a frente, olhos nos olhos. 

As palavras atrapalham... elas escondem, elas revelam. E acima de tudo determinam significados.

E os olhos falassem falariam de amor e conexão.

E tudo o que lhe saía da boca era "Prometo falhar-te."

E assim começava uma linda história de AMOR.

Nunca imaginara dizer-se "Eu vivo bem sem ti". E na verdade ele nunca esteve presente e, ela sempre viveu com ele.

E ganhava coragem, mas acima de tudo consciência para assumir que vive bem consigo. Não precisa do outro. E que alívio!

Há cargas que se transportam ainda que vás de mãos vazias e não fazes a mínima ideia da bagagem carregada que segue contigo no caminho.

Tu vives bem sem ela. Como?

Como assim? Deixou de ser importante? Onde perdeu a importância? Onde deixou de ser necessária?

Necessitava que a necessitassem.

E o orgulho de ser livre tornava-a escrava do palco e dos aplausos.

Prometo falhar-te.

Era a única promessa que se podia fazer.

Prometo falhar-te às tuas expetativas, aos desejos, aos impulsos, às mentiras.

Prometo falhar-te no tempo, no espaço... e deixar-te cair.

E tudo... por AMor!

Para te Amar melhor. 

Para que possas depois da exaustão veres-me exatamente como sou e ainda assim continuares a Amar-me.

E no fim verás que não foi falhar, foi cuidar que te desiludisses, que deixasses cair as definições, os conceitos, os significados.

As palavras sempre falharão nalgum momento, os gestos, a vida.

E aí quando deixares de esperar... poderás ter-me por completa.

Nos entretantos vou aprendendo a falhar melhor, a incluir essa tua promessa de me falhares. E amar que me falhes.

E sabendo que ambos podemos viver um sem o outro, vamos eleger por agora viver juntos. Temos muito que praticar, aprender, falhar e amar.

AMo-te querido EGO! 

E assim decidiu ir para a vida relacionar-se com outros seres, dançando com as formas, na forma, tomando e dando. Aprendendo nas relações de amor a estar nela - "Eu estou bem sem ti. E tu estás bem sem mim. E ainda assim, por agora decido estar contigo".

No mesmo nível, caminhamos lado a lado... o que está em cima é o igual ao que está em baixo, assim como o que está à frente e atrás. E nas quatro direções, sentia o norte, o sul, o este e oeste.

E sabia que se ia falhar... sempre que precisasse de aprender e crescer... em humildade e simplicidade.

E falhar era a ferramenta mais útil para abrir os olhos e escutar.