As capas protetoras que carregamos são tantas vezes invisíveis... Por sobrevivência assumimos posturas, comportamentos, encarnamos personagens e desempenhamos tantos papéis que não são os nossos.
Por amor cego representamos tantos lugares do nosso clã familiar. De quem está, de quem já partiu. E inconscientemente estamos amarrados nas vidas que não nos pertencem.
E tudo porque se quer Pertencer. Por Amor. E nessa implicação estou comprometida com o sistema familiar e com o destino dos meus antepassados.
Há vazios e faltas que preenchemos para incluir o que está fora. Tudo pede para ser incluído. Há que reunir as partes. E quando há exclusões, nós sentimos. Sentimos a separação, a diferença. A ausência, a falta.
E quando todo o teu sistema é marcado pela ausência, o abandono, a falta? Tanto por resgatar, reunir e amar.
Tudo se resume a Amor. A amar.
Na caminhada para amar.
Na verdade, vimos completos, inteiros. Somos natureza e na natureza vivemos. Numa máquina perfeita, um veículo que funciona de forma autónoma, silenciosa, feito para suster e sustentar-se na vida. Tem uma capacidade de se adaptar e buscar saúde. Sempre procura e encontra soluções.
Há uma ordem invisível que sempre se organiza, que junta, complementa. Tudo é energia. E o vazio no seu absoluto não existe, apenas na ilusão óptica quando reconhece a ausência de objeto sólido. Se tudo é energia. Há sempre presença.
E se no visível és confrontado com a falta / ausência "real" é apenas para desenvolvas e amplies a perceção. De que já és completo, inteiro. Vens e tens tudo. E que há uma grande teia onde estamos todos interligados, por impulsos elétricos que pulsam, neste grande sistema.
E como poderias ampliar-te e desenvolver-te se não fosses confrontado com o embate do seu oposto.
A dualidade serve para apresentar a polaridade. E na polaridade possamos integrar todas as partes.
E na linha familiar há todo um sistema que precisa ser visto, reconhecido, entendido para ser integrado. Só posso resgatar o que vejo e reconheço. E sempre que me permito e tenho permissão para ir olhar, bebo mais um gole de mim. Há uma parte que se torna mais inteira. E se fortalece da matéria mais pura que sou, Amor.
E se um Dia faltou, é porque precisava de me ver. De reconhecer a existência, honrar a Vida. Só honrando é que posso viver e reconhecer que tudo é cheio de Amor. Diz a música que passa, enquanto escrevo. Assim é o amor cheio, que acompanha cada passo, silenciosamente, à medida que o caminho se mostra.
Há vazios cheios. Ausências tão presentes e faltas tão cheias, porque nos revelam e se cumprem.
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