Um dia, não há muito tempo, deu-se conta que toda a sua casa era um altar. Quadros vivos, pintados em momentos de encontro consigo, celebração, oração. A sacralidade está na energia, no simbolismo e nas mensagens que pomos nos objetos. Como os conduzimos. E quando em cada coisa que fazes te pões inteir@ e estás de coração, torna-se oração, poesia, contemplação, apreciação. É que cada partícula é obra de Deus. O mosaico do chão que piso, a carpete, a almofada, a pedra, a planta, o sofá, a cadeira, a manta, a luz, o computador. Dignificar é ver. É tornar sagrado. É incluir.
E quando os olhos se abrem e tornam cada momento de ação uma contemplação, tudo é oração e espaço de silêncio e quietude.
Hoje o momento de meditação foi limpar as janelas, os vidros e espelhos da casa. Em silêncio, todas as áreas da casa foram visitadas, olhadas. As portas e janelas lavadas e limpas, de cima a baixo. Olhar ao detalhe das pequenas impurezas entranhadas e distanciar a visão para observar pelos diversos ângulos e verificar os reflexos, as manchas para que o vidro pudesse ficar o mais límpido e transparente possível.
Que vidros, janelas e portas estaria ela a limpar? É que antes de lá chegar, arrumou todas as tarefas de escrita e despachou e-mails. E ainda levou com a surpresa de um novo post que se quis fazer com direito a imagem e ajudas na tradução. Havia uma alegria que crescia dentro, uma espécie de entusiasmo a desabrochar. Divertiu-se na escrita. Deu forma à divulgação da meditação que se quer e vai concretizar, no próximo dia 12 de abril.
E a ida ao supermercado que lhe relembra dos preparativos para a viagem que se aproxima. E vai para Sevilha, diz que sim. E quando regressar já vem com um novo número na idade.
E como ela gosta de celebrar o seu aniversário. E à medida que avança vai percebendo melhor, a contagem decrescente e a data. Está viva. Escolheu viver aqui neste tempo. E que alegria. E precisava de se recordar e celebrar-se, para se ativar e renovar o seu sorriso maravilhoso. O que leva dentro, o da alma que se regozija, a que sabe.
E os vidros quiseram-se lavados antes de ir. A casa ficou maior. As janelas também, e uma nova luz se mostra. Sempre que lavamos os olhos, os espelhos, as janelas a percepção amplia. Cria-se espaço. Solta-se o pó, a poeira, o ruído, o barulho. E é real, literal. Tudo ficou mais límpido.
Que bela oração e limpeza que os meus olhos receberam através da limpeza dos vidros. Reparas? Observa. Observa-te. Vigia.
Não é preciso interpretar. Apenas ir traduzindo o que se vai tornando visível, o que se sente, o que se percepciona para que o entendimento e a consciência possa ir entrando e encontrar-nos disponíveis.
E a generosidade... é tanta. Um altar, é um lugar / espaço onde se representa o sagrado para celebrar, e orar. Um espaço que se cuida, e alimenta com oferendas. Dependendo das crenças, assim variam os rituais e os elementos que o constituem. E quando começas a olhar para vida com um grande espaço de contemplação, reconheces-te como templo e altar. E tudo à tua volta se torna altares. Seja natureza, a casa, a cozinha, o carro, a igreja, a casa do vizinho. Prestas a reverência e reconheces a sacralidade e poesia de cada ser e lugar.
E há dias que o altar casa responde através do espanador, do limpa vidros ou do aspirador. Outras através da escrita, da música. Outras apenas de estar sentada contemplando a vela acesa, ou em silêncio meditando de olhos fechados.
E o coração vai abrindo e florescendo como a rosa que ilumina o altar do quarto dela.
E a vida vai pedindo calma. Que sejas o teu próprio bálsamo de doçura, para os dias de tempestade. Que te possas dar a mão e a atravessar os furacões e também pedir a mão do teu irmão / tua irmã para te apoiar e irmos juntos. Podemos. E devemos colaborar, ter a coragem e humildade em pedir ajuda.
Caminhemos. Estamos a aprender a ser humanos e para nos tornarmos, precisamos de caminhar juntos na mesma direção. E diz a letra da música "Amor e Compaixão por todos os Seres". Acho que a música está a ler o texto ao mesmo tempo que o escrevo e resolve meter-se na conversa, para completar. :)
Altares vivos sempre comunicam. Estão sempre a falar e a transmitir-nos a sua sabedoria.
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