Andar por cá.
Como se anda por cá?! Aprendeu-se a andar, ainda que a criança e a adulta não tenha memória de como foi o processo! Há memórias que ficam guardadas numa área tão subtil e inacessível.
Precisamos de saber muito pouco... e talvez por isso a memória seja seletiva e nos vá reservando pequenos acessos à medida que vamos estando preparados para aceder a eles.
Temos muita sede e fome... e buscamos tanto fora por sentido e sentidos! Queremos compreender do que o mundo é feito. E fugimos tanto do mundo que somos. Aquele que nos habita quando acordamos e quando vamos dormir e que se relaciona segundo a segundo com a respiração do mundo.
A mente inteletualiza.... e há tanto por respirar e sentir. E ficar aí a sentir é tudo. Não há razão para a razão. Apenas permitir. Permitir que as ondas se sucedam umas às outras. E te provoquem.
Há ondas que refrescam, outras aquecem, outras que expandem e outras que te mandam abaixo.
Andar por cá é também permitir-se estar.
Sabemos que tudo é transitório. Sim. Mas viver de pulmão aberto para essa transitoriedade, sem querer expulsar, pôr debaixo do tapete.
Encarar as diversas sensações. Permitir que elas nos atravessem.
Saborear a multiplicidade.
É preciso coragem para levar com a onda, quando ela vem forte e te esmaga o estômago contra as costas. E quando ela te dobra e te faz cair na areia. E encarar de frente, olhos nos olhos é deixar que ela, a onda, te penetre. E que te fundas com a onda, com a sua força, o seu ritmo e balanço. E perceberes que és também essa agitação.
A dualidade sintetiza-se, neutralizasse não quando escolhes um lado. Mas quando tomas ambas as partes. E percebes que és o anjo e o diabo.
E que nenhuma das forças te domina ou te define.
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