Há momentos em que o sol se põe. Outros em que nasce. Marés que vêm, outras que vão. Momentos de palavras, outros de silêncio.
E observas o tempo a passar nos intervalos. Às vezes cheios, outros vazios. Nada interrompe o que existe. E as formas sucedem-se.
Não há atrasos, ainda que o tempo do relógio possa estar desacertado com a chegada do tempo. E o tempo impõe-se. Ele passa. Tem o ritmo que marca o compasso do passo. Ele despoleta, impulsiona, determina. E ora abre, ora fecha, ele contém - espaço. Será ele visível ou invisível?
Como é a fala do espaço do tempo? Qual o seu tom, e cheiro e que roupa veste?
Ele, o tempo, entrou devagarinho pela porta da frente. Não tocou à campainha. Para quê... se estava em casa e a porta estava aberta? Ele nunca se adiantava, nem andava para trás. Seguia o seu caminho.
Ele sempre convidava a despir. Era o seu presente. De sempre caber e acolher e quando se sentia correspondido, a generosidade era de ir ficando mais jovem e presente.
O tempo não tinha tempo e isso fazia-o ganhar sempre mais tempo para permanecer no tempo.
E os anos não passavam, e os dias pregavam partidas e as horas. Ora encolhiam, ora esticavam... era a forma do tempo se revelar nos seus vários espectros. E sempre que o tentavam agarrar fugia, pois só podia Ser o que era em cada momento. E isso tornava-o único, irrepetível e mestre de diversas caras e cores, do invisível e do visível. Ora mágico, ora carrasco.
E sempre que lhe tentava impor uma fé... ó tempo, como o tempo lhe escapulia entre os dedos, como areia fina, para que se esvaísse qualquer ideia que pudesse gerar acerca de si.
Restava-lhe contemplar-se.
Comentários
Enviar um comentário
Cuspidelas