Ela queria abandonar-se.
E eu repetia-lhe... por favor não te abandones outra vez.
E ela insistentemente repetia... abandonar-me nele, render-me, entregar-me.
E eu dizia-lhe muda a palavra então. Diz render-te, entregar-te, confiar-te.
Abandono, chega!
Chega de te abandonares. De te deixares ir à mercê de quem não te vê, não te cuida. E tu insistes em salvar.
É por amor. Sempre é por Amor.
E só esse Amor revela o enorme coração que tens.
Usa-o para te Elevares. Para te cuidares melhor e renderes-te à tua alma, à sabedoria interna que te habita.
Só habitando-te melhor vais obedecer à voz.
À que sabe.
E talvez por te teres abandonado tanto à mercê dos outros aprendeste a navegar, a fluir nas ondas, nas marés.
Já sabes o que é render e entregar.
Agora imagina.
Imagina-te rendida a ti. À voz do divino, ao propósito da tua alma, confiando em cada movimento e onda.... sem ter de saber o passo seguinte. Sabendo-te segura no mistério do Grande Espírito que te habita.
No instinto e na intuição estão os pés que sabem caminhar. E aí sem ter de saber nem entender podes confiar-lhes o teu destino.
E não, não é abandono. É segurares-te. É amor por finalmente poderes receber-te, assim tal como és.
Não há defeitos. Há vida, recursos, potencial.
E há que abanar_o_dono para ver se acorda e toma cargo de si mesmo.
Há que pagar o preço pela estadia cá. E o preço é fazer-se presente e tomar o presente. A dádiva, o milagre de aproveita o tempo concedido.
E se respiras, aprender a respirar melhor. A fazer-te consciente, presente de cada momento.
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Cuspidelas