Desimportância. Há momentos em que tens abrir os buracos que moram dentro. E importares-te em não tem importar. Há que deixar de querer. Não há nada a perder.
Só há cancelamento quando cobras, compras e exiges.
Do chão não passas. Há que saber cair. Que caiam as máscaras, as imagens que tens de ti mesm@ e dos outros.
E quando desmontas o preconceito que tens de ti e despes as falsas humildades. Aí vês a altivez, as arrogâncias. Dos achismos, do achar que se sabe.
E estar onde se está sem querer estar noutro lugar. Sem mudar uma única vírgula. Mesmo que seja um lugar desconfortável e de incómodo.
Aprender a lidar comodamente com o incómodo. Abrir as frestas de ser surpresa de si mesm@.
Apontar o dedo à impostora que habita. Assumi-la. E não necessitar que a validem ou a mandem a abaixo. É preciso ser distraída e despistada de si mesma. Para não se levar muito a sério.
Nem tudo é acerca de ti ou sobre ti. E retirar essa importância toda no que te acontece ajuda a desdramatizar a seriedade com que se encara a vida.
E estar na vida e bebê-la sem que os feitos te consumam. Eles servem para abrir, para romper.
E falhar melhor é a melhor forma de te acertares.
E os músculos querem-se exercitados. Para que o esqueleto se sinta suportado.
O buraco. De que tamanho é o buraco que fecha no que achas que sabes, que conheces, que queres controlar. O buraco fecha, encolhe, embrulha-me em limites e vergonhas de querer esconder, tapar o que foi dito que não podia ser.
E se o buraco procura excluir, eu olho, vejo e assumo que há buracos que moram na minha pele, e vou habitando-os cada vez melhor. E assumindo que na sinceridade, não os queria de todo em mim, mas se estão... se a vida atravessa e o inconsciente liberta a informação, as experiências para que olhe. Eu vou.
Pouco a pouco, no ritmo próprio. E de nada me vale correr para resolver rápido, quando o cuidar pede que me aproxime devagar. De nada vale fazer de conta que não vejo ou fugir perante o que gostava de escapar. Todos os buracos fazem parte da escultura em permanente construção dentro das memórias vivas que sempre se movem e se editam.
É que o mesmo livro lido duas vezes tem significados diferentes.. as lentes sempre saboreiam de acordo com o momento vivente. E as memórias sempre se atualizam à medida que se avança.
E se lá atrás feriu e hoje curar, a ferida torna-se o melhor remédio. E o buraco amplia-se para que se veja mais buraco. E a profundidade não tem fim. E acolher o tamanho do vácuo e do vazio que te ocupa é abrir espaço para ser. Ser fácil, vazio e cheio... sem que seja importante uma coisa e outra.
E amar todos os espaços e todas as formas.
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Cuspidelas