Liberdade



Liberdade... a luta pela liberdade, com aquela ânsia que comove e move montanhas. Mas afinal que liberdade é esta?

Uma frase acompanha-me desde cedo, como se de uma profecia se tratasse "a liberdade de cada um acaba quando começa a do outro". Bonita frase, mas tão maltratada e sujeita a tanta interpretação. Claro está que estou a fazer exactamente o mesmo, pois então não tenho nada de diferente da restante malta inspirada, sou apenas mais uma.

Mas a verdade é que cada um à sua maneira tenta viver cumprindo este mote, contudo, oscilamos tanto entre a liberdade do outro e a nossa. Quer seja por excesso quer por carência. Preocupamo-nos tanto em não interferir na liberdade do outro, respeitá-la que acabamos por reunir os nossos esforços para agradar o dito cujo ou cuja e abafamos a nossa liberdade. No reverso da moeda também vivemos tão movidos pela nossa liberdade que a defendemos com todas as armas, cumprindo toda a nossa liberdade que aniquilamos a do outro.

Lindos meninos, fofinhos! Pois é somos presos por ter cão e não ter (gosto tanto das expressões populares ;))Mas afinal onde está o meio termo? Ora, deve ser exactamente no meio. Lá está. Mas o problema é que nos preocupamos demasiado com os problemas, a arranjar enigmas para resolver. Quando as soluções estão em cima da mesa. Se não conhecêssemos o excesso e a carência, jamais poderíamos encontrar o meio, não teríamos qualquer referência para nos orientarmos, assim caminho mais fácil, talvez.

Nós lemos muito, procuramos livros e opiniões sábias a quem nos agarrarmos para encontrar a nossa própria referência, mas depois esquecemo-nos de olhar para as nossas experiências e vivências que nos revelam tanto.

Falta-nos a coragem de olharmos para nós e reconhecermos o que está menos bem e o que está bem, ou nos sobrevalorizamos ou nos submestimamos. Temos dificuldade em assumir a nossa imperfeição. Queremos ser perfeitos, buscamos um ideal, que nem nós próprios sabemos bem qual é.

Costuma-se dizer outra frase célebre que eu adoro "debaixo de uma pedra sai sempre um lagarto", e nós estamos sempre à procura do lagarto escondido. Mas não é do nosso lagarto, é do lagarto do vizinho. O nosso lagarto, esse deixamos mesmo debaixo da pedra bem escondidinho, na esperança que ninguém o veja. Será que o lagarto é assim tão feio ou será assim tão bonito, que deve estar guardado num cofre a sete chaves?

Temos tanto medo de nós que fugimos só para não termos que nos encarar. Mas depois queremos que o mundo inteiro goste de nós. Será por isso que o maior medo do homem é a solidão? 24 horas por dia, sozinha comigo, que horror.... ;)

Comentários

  1. viva ao lagarto
    se nos gostassemos mais de repteis seria mais facil gostar de nos mesmos
    o problema é que sempre nos deram caezinhos peludos e fofinhos para as maos , ou gatinhos mimosos. assim nao sabemos o que é passar a mão pela tez viscosa e escamosa de tais seres reptilineos e nem sabemos que isso nos pode fazer bem à mao, que de tanto esfregar se torna macia com tal esfoliação. a partir de agora vou ser amiga de todos os animais, incluindo os feios, porcos e maus. as osgas, os camaleos , as cobras e os lagartos estao incluidos
    cat

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  2. "O homem criou e, quando se apercebeu, tinha construído um forte à sual volta e não era feliz. O homem pôde verificar que não pode ser livre sem os outros e não pode estar com os demais sem ser livre. Para que tal aconteça devemos primeiro passar pelo preço da solidão e da busca interior, do trabalho interno, da transmutação. Logo após, é então possível estar com os outros e perceber que todos somos iguais, cada um fazendo o seu melhor, no entanto, demarcando bem o nosso espaço e o nosso bem estar.
    Há lugar para a partilha sem perda da identidade. A solidão revela a resposta certa. a certeza que todos temos as respostas dentro de nós."
    in Crianças de um Novo Mundo, de Isabel Leal.

    Paula

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