Tolerância

Estava eu no carro à procura de música para os meus ouvidos, mas sem paciência para seleccionar música. Pelo que peguei num daqueles CD gravados sem etiqueta, na descoberta do que poderia sair dali. Sai-me uma música francesa "Jusque la tolerance" (não me perguntem quem canta que isso já é fruta a mais). Foi uma música da doença há uns anos atrás, fala da tolerância e da esperança num mundo de amor. É uma música que enche e preenche. Revitaliza, dá vontade de arregaçar as mangas e mãos à obra.

Porque não? Vemos tanta coisa à nossa volta, voluntários, iniciativas nobres humanitárias. Textos, músicas, tanta movimentação e nós olhamos orgulhosos de ainda haver na nossa cultura e sociedade pessoas que se preocupam em fazer "qualquer coisa". Contudo ficamos como espectadores a apreciar o contributo, sentindo um pouco de nós ali, mas egoisticamente, continuamos a tecer opiniões e críticas, como grandes teorizadores que somos, ficando sem nada fazer. Contra mim falo, que me incluo, neste mar de gente que assiste comodamente ao espectáculo da vida.

Mas cada um desempenha habilmente o seu papel. Não podemos todos jogar as mãos e ser voluntários, porque é bem e é uma moda, de bora lá mostrar que somos cidadãos responsáveis e muito humanos. Mas todos os pequenos, grandes gestos que fazemos de coração serão certamente a melhor inter-ajuda que podemos prestar uns aos outros, com a verdadeira entrega e sinceridade.

A verdade muitas vezes dói, não que tenha de ser colocada de forma crua, de vamos lá espetar o dedo na ferida. Mas a nossa honestidade muito pessoal mostra-nos como chegar ao nosso interlocutor. A comunicação verbal e não verbal da interacção vai-nos dando pistas para a melhor abordagem. No fim ninguém perde,todos ganham. Não se trata de competir,nem de mostrar que tenho o dom da palavra ou a voz da razão, mas contribuir para o desabrochar e para o florescer de todos aqueles que amamos como a nós mesmos. A minha felicidade é minha, mas não é para ficar guardada numa caixinha, é para compartilhar, é para comungar, para que a beleza se expanda e se torne una e plena.

A tolerância e compreensão andam de mãos dadas na consciência do Amor.

Comentários

  1. A tolerância é feita, sem dúvida de pequenos actos, todos os dias. Quando dizemos bom dia à rapariga que nos atente, desejamos um bom trabalho a quem nos serviu ou sorrimos a quem nos deu passagem... Compreender o outro é também entregarmo-nos e para isso não é preciso ir a África, porque todos nós precisamos de ser ajudados

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  2. Não é mesmo preciso ir à África para ajudar! Todos precisamos de ser ajudados, sem dúvida.

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  3. E se estamos aqui e não em África é porque neste momento é aqui que precisamos de estar.

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  4. Vamos apenas viver a vida voluntariamente, ok? :)

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