A história do Camelo que chora



Sinopse:
Primavera no deserto Gobi, na Mongólia. Uma família de nómadas assiste ao nascimento dos camelos. Um dos camelos tem um parto muito difícil, mas acaba por dar a luz uma cria albina. Apesar dos esforços dos pastores, a mãe rejeita a cria, recusando-se a alimentá-la e a amá-la. Quando todas as esperanças parecem ter-se desvanecido, os nómadas mandam dois rapazes numa viagem através do deserto à procura de um músico...
Quando o músico chega, executa um ritual extraordinário. O som do seu instrumento e o canto de uma mulher tocam o coração da mãe camelo...


Uma narração muito simples, um acompanhar das tarefas diárias desta família onde assistimos ao milagre do nascimento desta cria que nos deixa enternecidos. O choro desta cria que assim que pisa a terra sente a rejeição e o abandono da sua mãe. A luta desta família pela sobrevivência da cria, usando os recursos possíveis para despertar o Amor da mãe camelo para desempenhar o seu papel.
A música revela-se como o veículo emocional que desperta o instinto maternal do camelo e o integra para desempenhar a sua função.

Marcou-me a simplicidade, a beleza, a dor da cria, as lágrimas lavavam-me o rosto, e a revelação do Amor. Conceitos como o abandono, a necessidade de protecção e aceitação para a sobrevivência são focados aqui como essenciais para a devida integração no respectivo habitat.

O nascimento é o embate num espaço desconhecido, despido. Há a necessidade de uma orientação de quem já conhece, que nos mostre que o espaço é seguro e confortável para estar.Só depois de interiorizarmos e nos familiarizarmos com o espaço é que nos sentiremos corajosos suficientes para dar os primeiros passos à descoberta. A insegurança dos primeiros passos cambaleantes fazem-nos lembrar que há um suporte ainda presente da mãe para nos auxiliar.

Os animais também choram e nós também. Lágrimas de dor e também de alegria. Água que lava o rosto, que liberta e limpa, pois exterioriza a emoção.

O papel da reprodutora seja camelo, seja humano, que carrega no período de gestação a sua cria, desempenha nos primeiros anos de vida o papel crucial de nutrir a cria em todos os níveis, para que a possa preparar para ser auto-suficiente. Contudo, como vemos nesta história a mãe simplesmente quis demitir-se do seu papel, poderemos culpá-la? Dores diferentes com certeza, mas ambas as personagens estariam a lidar com a sua dor que precisava de ser apaziguada e aceite.

A maior parte das vezes vivemos desculpando as nossas acções, por não sermos capazes de perdoar e de nos aceitarmos como somos. Achamos que não somos merecedores do nosso amor por nós.Outras culpamo-nos por sermos da forma como somos, desconsiderando aquilo que somos, rotulando como mau o que fizemos ou o que não fizemos e o que deveríamos ter feito no ímpeto de querer controlar para a atitude ideal e perfeita que evitasse o sentimento de dor, culpa e impotência.

O choro do camelo lembra-me a fragilidade, que será a fragilidade dos humanos também. Uma fragilidade para ser aceite e amada, pois mostra-nos que podemos sentir a nossa verdade, expressando as emoções que batem à porta para sair, sejam elas de dor ou alegria. A consciência das duas faces torna-nos completos.

É necessário o dia e a noite, a chuva e o sol para que o ciclo da vida se renove continuamente, fertilize e fecunde as suas sementes.

Comentários

  1. mas que livros me desencantas tu :)

    deve ser giro pá!

    olha ando maluca, só posto só posto! eu sim, ando a "vomitar-me" toda :) aleluia!!

    (há uns que lhes sai pelo cu sob a forma de gases, a mim sai-me pelas pontas dos dedos...sem prejuízo para os presentes)

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