O palco



Viver é qualquer coisa que fazemos instintivamente,como respirar. Demasiadas vezes procuramos um sentido e vários significados para as ocorrências, como se estivessemos a compor um puzzle. Talvez assim seja. Mas com tanta significância não perderemos nós o verdadeiro ar que se inspira e expira no momento exacto em que ocorre?

Imaginemos um palco vazio com todo o espaço livre, o espaço é todo teu para fazeres o que bem te entender. Só tens um único elemento, uma cadeira. Preferes sentar-te nela e observares o palco ou simplesmente expressar-te?

O que te apetece fazer? Quando o actor está no palco, as luzes não permitem que se veja os espectadores, mas, eles estão lá a assistir, como actores não participantes, que apoiam ou não, e retiram também as suas interpretações e as trazem para as suas vivências pessoais.

Será assim o palco da vida, onde tu és o protagonista, sem texto decorado, nem cenário elaborado. O palco do improviso, não do faz de conta, mas da livre expressão. Ninguém participa do teu papel, mas todos ajudam com as ditas cálias, quando perdes o centro do teu palco. Ninguém crítica, ninguém controla, porque o palco é teu... tu corres, saltas, brincas, cais, levantas-te, choras, ris. Pintas paredes e voltas a pintar de novo. Reescreves o teu papel as vezes que quiseres. As audiências do teu espectáculo podem mudar, mas renovam-se continuamente. Há sempre quem se identifique e reconheça a tua história. E o melhor, é que à medida que o teu palco for ficando mais repleto, a audiência multiplica-se e multiplica-se. Os palcos vão-se entrecruzando e vão formando palcos maiores.

Agora eu continuo a apresentar uma cadeira e um palco... a escolha essa é livre. Eu mantenho-me de pé... para dançar e aplaudir.

Show must go on!

Comentários

  1. eu diria que essa encenação, nesse palco, é a tua encenação interior, ou o espetáculo que acontece dentro de nós. a outra parte do show é exactamente a participação da multidão cá fora, quando te mesclas com o público e já não és só tu, mas opiniões, comentários, críticas, observações, ideias... e é nessa partilha, ou troca de informação, que a vida vai passando: entre encenações dentro de nós, o que colocamos cá fora, e o feedback dos outros...

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  2. fazemos todos parte uns dos outros quer pelas semelhanças quer pelas diferenças. acho que é mais do que a critica, opiniões e observações que os outros transmitem. acho que é a certeza que na diferença das vivências há a igualdade de sermos todos parte da mesma matéria, das mesmas emoções e do todo.

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