Respeito

Exigimos que nos respeitem, mas somos os primeiros a falhar connosco. Esperamos sempre que os nossos interlocutores sejam adivinhos, sim, adivinhos. Queremos que os outros adivinhem como é que queremos ser tratados.

Mas somos os primeiros a ser condescendentes, temos receio que se dissermos exactamente como queremos ser tratados, mostrando firmeza nas nossas atitudes o outro não nos aceite como somos.

A falsidade de querer agradar o mundo inteiro para sermos incluídos, para que o nosso sentimento de pertença fique assegurado. Uau, que porreiro. Mas esquecemo-nos que depois vem o sentimento de desilusão. O véu da ilusão cai que nem uma nódoa naquela camisa preferida que nunca mais vai poder ser usada. Fica apenas o tecido, sem qualquer artífice.

E de quem é a culpa? Tem de haver sempre um culpado a quem culpar. Porque nós os bonzinhos apenas caímos na esparrela do monstro mau, que nos magoou sem dó nem piedade. Pois é. Não há culpados, apenas permissões. Nós permitimos que nos tratem da maneira que nos tratam.

Falsidade? Sem dúvida, porque não esclarecemos, não impomos as nossas regras, temos medo de ferir o outro, pois esquecemo-nos que não conseguimos sempre ser os bonzinhos da fita. É complicado vestir sempre esse papel.

Não gostamos que não gostem de nós... é uma dor difícil de suportar, logo, tendo sempre presente esse "receio" e arranjamos sempre estratégias para colocarmos a nossa maneira de actuação da forma mais agradável possível para o outro. Por outro lado, quando temos coragem de sermos "porcos e maus", ou melhor dizendo, sermos nós respeitando a nossa vontade, se o outro comenta a nossa postura firme, lá enchemos a nossa actuação como uma série de justificações como se precisássemos disso.

A quem é que estamos a tentar justificar o nosso comportamento? A nós mesmos ou ao outro?

Quando eu agi assim porque sim, naquele momento foi assim que me saiu. Não posso agradar ao mundo inteiro e nem quero agradar ao mundo inteiro. Apenas tenho que me lembrar disso mais vezes.

Sim, é preciso coragem para sermos quem somos, sem nos deixarmos abater pelos condicionamentos sociais e culturais que estão tão inculcados e enraizados em nós.

Comentários