Escolhas



Escolhas, livre arbítrio, são temas que de alguma forma me suscitam interesse por serem na minha óptica conceitos paradoxais. A todo o instante tomamos decisões, por isso seguimos escolhas que vão traçando o nosso caminho, permitindo que o mesmo se revele. E nesse aspecto somos totalmente livres para decidir o que queremos. Eu acredito que sim, mas há outra parte de mim que me diz que não é bem assim. Como é então? Também não sei responder.

Mas se nas pequenas escolhas que fazemos a todo o instante, não temos consciência de todas elas, como é que nos podemos apropriar das grandes escolhas que achamos que fazemos, como por exemplo a escolha daquele curso que vamos fazer, após análise de todos os factores que vão permitir a escolha cuidada e acertada, se devemos avançar ou deixar-nos estar.

Eu digo que temos uma aparente escolha, pois desconhecemos todos os factores que estão subjacentes a ela. Só conseguimos determinar o agora e acompanhamos o rasto da nossa consciência que nos guia para determinados caminhos, assim como as influências externas que nos condicionam ou libertam e que são agentes activos no nosso percurso.

A inconsciência,os instintos podem-me levar para caminhos mais ou menos tortuosos, mas o que é certo é todas as estradas irão caminhar pelas aprendizagens que me predispus fazer nesta vida.

A dor e o sofrimento dependem sempre da capacidade que tenho no momento para digerir as experiências que despoletaram em mim essas emoções.

A riqueza da vida está nas experiências que me permito vivenciar, que me permitem crescer, aprender, conhecer e partilhar. Se fazemos alguma escolha será a opção de viver e participar neste jogo que é a vida ou demitirmo-nos desse papel e morrer.

Por acharmos que escolhemos, que decidimos inculcamos em nós uma carga de responsabilidade enorme de culpabilização e vitimização pelas escolhas não acertadas. Claro está que todas as nossas acções têm as respectivas consequências, mas o que é certo é que este processo é tão inato que quando agimos não estamos no mesmo segundo a pensar logo o que poderá advir dali como consequência. é natural. agora quando programamos um percurso, elaboramos uma escolha, criamos inevitavelmente a expectativa do resultado (a consequência).

Claro está que muitas vezes na minha vida achei que tomei decisões importantes na minha vida, como a escolha do curso, o trabalho entre outras. Mas o que é certo é que o curso que me alimentou o ideal durante toda a infância, direito, ficou completamente de parte quando chegou a altura de decidir. A minha suposta vontade estava lá, mas factores externos desviaram-me desse caminho, e colocaram-me noutro que nunca me tinha passado pela cabeça. Hoje gosto do que faço? Sim muito. Quando penso no outro sonho de direito, respiro de alívio, pois não me veria com vocação para essa profissão. A vida é sábia e mesmo quando pomos na cabeça que sabemos o que queremos e que é mesmo isto. Se não for a vida encarrega-se de tirar do nosso caminho aquilo que não nos serve. Mantenho tudo em aberto, aquilo que sou e faço hoje, pode ser diferente do que posso vir a fazer amanhã, mas com certeza hoje sou o que sou e faço o que faço para munir de experiências e adquirir a sabedoria necessária para outra fase da minha vida.

Não interessa para onde vou... apenas que continuo aqui a respirar, cheia de vida.
A Liberdade... será sempre a não escolha, o ir com o vento, com o sol, a chuva, o dia e a noite. Ir ao sabor das marés e desfrutar.

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