Os objectos chamam-nos



Lindo! Surpreendo-me a cada momento com tudo o que atravessa o meu caminho! Espanto e surpresa são algumas palavras que me caracterizam. Talvez há pouco tempo atrás representasse estranheza, que o raio da gaja tapadinha de um todo e com alguma ingenuidade à mistura encarasse os objectos e as pessoas maravilhada e admirada como uma criança que descobre as primeiras palavras, texturas, gestos e acções.

Agora rio-me, a bom rir. Sim sou ridícula algumas vezes e com muito gosto. Divirto-me à brava, nem sempre no momento consigo ter a descontracção e o discernimento para sorrir, mas pouco depois, quando me apercebo, curto-me à brava.

Costuma-se dizer primeiro estranha-se e depois entranha-se, acho que estou na fase do "entranhamento".

É divertido perceber os caminhos que a vida nos vai apresentando, permanecendo contudo o mistério que se vai revelando a cada passo que vamos dando. É como se o chão não existisse, mas a cada pé ante pé a calçada vai-se mostrando, ficando visível para os nossos pés. É confiar que naquele aparente vazio, há um caminho, uma estrada que nos vai permitindo continuar a jornada.

No meu aniversário, veio parar-me às mãos o livro "Os objectos chamam-nos" de Juan Millás. Alia o sentido de humor, sarcasmo e muita fantasia, fiquei deliciada. É inspirador sem dúvida e despertou em mim este meu lado fantástico e positivo de ver o mundo que me rodeia.

Aquilo que mais me atraiu neste livro foi sem dúvida o seu nome, pela compreensão de que somos atraídos para os objectos, como uma criança na descoberta do mundo. A única diferença é que crescemos e pensamos que já somos experientes e já sabemos muitas coisas do mundo que deixamos de nos surpreender,ficamos indiferentes aos objectos que nos surgem e deixamos de os admirar e de nos admirarmos.

Eu costumo dizer que muito pouco escolhi, os objectos, pessoas, ambientes foram-me surgindo ao longo do percurso para me ajudarem a direccionar e a descobrir sobre o que me atraia e o que repelia. Acontece-me uma coisa giríssima com livros, por exemplo, sou atraída pelas capas e pelos nomes dos livros e compro-os sem fazer a mínima sobre os autores e respectivo conteúdo. E são uma delícia.

O mesmo se passa com as pessoas que cruzam o nosso caminho, umas mais doces outras mais amargas, depende sempre da perspectiva, mas o que é certo é que nos chamam, como se tivessem íman e atraem-nos para partilhar experiências.

Como eu gosto de dizer a beleza está nos olhos de quem vê. E há beleza em tudo o que nos rodeia, por mais que por vezes vejamos cenários mais tristes. Há um brilho que ilumina todos os objectos e pessoas.Muitas vezes temos que olhar bem fundo para conseguir ver, mas está lá.

A imagem que ilustra este texto chamou-me, como bom objecto virtual e imagético, é a escolha que ilumina, talvez uma parte de mim :-D

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