Não sei

Não sei... uma resposta que me envolve no momento. Sempre achei que sabia o que queria, sempre movida pelo desejo de querer. Quero mais, sempre mais. Não interessa no fundo saber se realmente quero, mas apenas a movimentação do querer que empurra para mais um desafio pronto a desbravar. Dá pica a luta, a conquista, como se no fim obtivesse um troféu. Será um troféu para mim? Muitas vezes esse troféu traz um sabor amargo de, será que valeu a pena o esforço? Mas, mais do que isso, é não saber como saborear o troféu. Muita foi a energia despendida na conquista, será por isso que se esgotaram as forças para simplesmente o degustar? Perdeu a piada, next....


A vida gira em círculos e tudo se renova constantemente. Nada permanece e tudo permanece. A única coisa que não muda é a própria mudança. Venho para o meu centro e vejo como tudo continua a se movimentar no seu ciclo natural de vida e permaneço em silêncio, como se nada me pertencesse. A única coisa que sei responder é NÃO SEI. Como um aceitação profunda da inevitabilidade do mistério da vida ou como uma negação do querer assumir a responsabilidade pelas minhas escolhas. A vontade essa até é capaz de se manifestar, por vezes resta a dúvida, do querer mais, que se confunde com o desejo que é assaz e efémero.

Nada impede que se viva e que se continue a viver com a sede pela descoberta e aventura, movida pelo desejo e amor por tudo o que nos envolve directa ou indirectamente.

Um viver que se movimenta pela liberdade de ser, liberdade essa que ganha um valor por vezes demasiado alto. Pois liberdade implica um compromisso fiel connosco próprios em todas as frentes da nossa vida. E nós endireitamos uma frente e entortamos a outra, como se fosse difícil conciliar as duas em simultâneo. Encara-se a responsabilidade /compromisso como um sacrifício, como se uma parte de nós tivesse de sofrer para conseguir viver plenamente.

Uma parte de nós tem de morrer para que outra nasça. E isto parece tão doloroso... Quando a morte é um processo natural de transformação. Já dizia o Lavoisier "nada se perde, tudo se transforma".

Portanto o meu "não sei", não sei se morra já ou se espere pela hora de almoço. É um género de resposta implica uma demissão e uma ânsia de querer. Uma luta entre opostos que se forma enquanto decide o que é melhor para si, já que morrer é inevitável.


O sentimento é algo de pacifico, serena a alma, não exige, não deseja, simplesmente aceita as circunstâncias. O coração apazigua,alegra-se e doa-se, sem esperar nada em troca. Já o desejo espera tudo. Ou é ou não é. Aqui, agora, já. Na inquietação permanente do querer, do alcançar.


E muitas vezes o desejo baralha na confusão simplesmente do que o sentimento mostra. De tão transbordante que é quer se agarrá-lo e e colocá-lo em frascos fechados para que não se esgote, quer se arranjar uma forma de controlar. A partir daí começa-se a perder, a destruir. Pois com os olhos da razão não se consegue medir, classificar a linguagem do coração, do não dito, da não forma.

Não Sei... é o estado que me acompanha. Não como algo que me torna inerte perante a vida, e que me alimenta o corpo e a alma, mas como um estado que também ele passará. Na aceitação, no acreditar... silencio. No respeito por mim e da minha vontade genuína.

Comentários

  1. não sei... a verdade que nos consome, que nos entristece, que nos alegre, que nos faz sentir livres, que nos aprisiona...

    sabes que mais já não sei...

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  2. as respostas vêm quando fazes a pergunta certa.

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  3. ...quando pensas q sabes todas as respostas vem a vida e muda todas as perguntas....

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  4. completamente :-D

    Achei piada que depois de escrever este cuspo...dei por mim a papar uma espécie de karaté kid, no domingo à tarde, mas com 1 míuda. não sei o nome do filme e pouco importa. mas achei giro que o chinoca diz à rapariga: "para que as respostas venham tens de fazer a pergunta certa."

    muitas vezes perdemo-nos na confusão mental, nas veborreias, não acalmamos a mente e temos dificuldade em encontrar o nosso foco que nos permite a direcção, a concentração e o alerta de todos os sentidos.

    e o melhor mesmo é estar presente com toda a entrega no momento e mesmo que a vida nos vá desviando dos objectivos que traçámos para nós, é ter a serenidade para aceitar e o espiríto de aventura para percorrer os desafios.:-D

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