As sombras perseguem-nos


Ouvia-te lá longe
E às vezes tão perto
Quase que te podia sentir dentro de mim
Por vezes assustavas-me como se não estivesse à espera
Que regressasses com um som cada vez mais sonoro

E ao mesmo tempo confortavas-me
Ouvir-te como som de fundo permanente
Fazia-me sentir a tua presença
Quase que me embalava
Fazias-me companhia

Era um som molhado
De água tão aconchegante que se tornava quente
Mas na realidade o bater do vento e da água incessante
Mostravam que de frio se tratava
Mas a ilusão das mantas, tornava a fantasia tão real

E a repetição sequenciada das gotas
Faziam uma canção
Uma canção de pranto
Uma canção de Amor

Com as zangas, os ressentimentos
As mágoas guardadas que tornam aquela
água mais carregada e pesada
Como se de um grito se tratasse

Mas por detrás está o prazer
Está a dor
Que move, que transforma
Na partilha das gotas que se unem
Por complementaridade

E nos mostram que há magia na sua composição
As sombras misturam-se, interligam-se

Perseguem-nos
Vês aquela luz?
Lá ao fundo?
É um relâmpago.
No breu da noite, ele resplandece
Espaçadamente entre o vazio do tempo
Para que as gotas se iluminassem
E pudessem ver a sua obra!

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