Castelos de areia

O coração poisa no ar, porque nem uma nuvem o ampara.Tinha vontade de te falar, de te abraçar, de te apertar... mas o céu paira no ar e nem uma nuvem se vislumbra.

Dias felizes e dias vazios. Nem de tristeza posso falar, pois não há espaço para tal. Apenas fica a vontade de mais, que as ondas continuem a rebentar e a formar-se nesse mar imenso.

E este mar está em pausa. Ouve-se lá longe o rebentar das ondas, mas tão distante, que quase parece surdo. E de ti, nada quero. Nem poder ter-te, porque tal coisa não existe. A presença dir-me-ia muito. A simples presença e olhar saber-me-ia como um belo mimo na alma.

As tuas palavras saem vazias de um coração tão cheio que medo tem de se mostrar. E como isso me incomoda, na inércia de nada poder fazer. Até as palavras saem complicadas, por nada poderem fazer a não ser navegar sem destino no amaranhado das emoções que se escondem, para que não possam ser reveladas na íntegra.

Eu também fujo ao ritmo das palavras sutis que escondem a grandeza do sentimento, para que possa proteger esta carapaça que medo tem de mostrar a sua fraqueza.


Implorei que abrisses esse coração desnecessariamente, já que não preciso dessas palavras. Mas o racional implora por motivos. Parei, na compreensão de que já não era necessário. Não tenho explicação para as palavras não ditas e para os gestos não tidos. Mas estavas lá. Naquela madrugada incerta, quando menos se esperava de braços abertos e coração disponível.

Só queria que parasse... que houvesse fim! quando sei no meu mais intimo que ainda agora começou!

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