Uma parte de mim


Uma parte de mim conta-me histórias. A outra parte vive e constrói a história.

Narrativas e mais narrativas reconstróem o puzzle, desmontam o puzzle e vão preenchendo a vida de experiências, memórias e aprendizagens que nos vão permitindo ser quem somos a cada momento.

Por vezes contamo-nos tantas histórias que já não sabemos distinguir o real da ilusão. Enchemo-nos de lixo mental que nos inibe de viver, de sentir e anulamos as histórias que construimos a cada momento. Temos medo de brilhar, porque podemos no momento a seguir cair, porque exige trabalho, confiança,e uma fé inabalável. É mais fácil alimentar a história do coitadinho, de que tudo pode falhar. Pela dificuldade que temos em lidar com o erro, com a falha, como se fosse um pecado fatal que jamais nos restituirá o trono do brilho.

Por isso o registo do erro é mais fácil, é uma constatação certa. Somos humanos perfeitamente imperfeitos o que nos torna sujeitos ao erro como também ao sucesso. Se retirarmos os juízos de valor às palavras erro e sucesso, ficam apenas palavras. Leves, soltas que tão depressa são usadas como desaparecem. São efémeras.

O erro é talvez diria a palavra mais importante, é aquela que nos permite ter a consciência que podemos melhorar, ser e estar melhor.

E a mente conta-nos tantas histórias de como podemos falhar que nos leva a falhar ainda antes de termos tentado viver. Traça-nos logo um atestado de derrota. Inibe-nos de viver, de saborear.

Esquecemo-nos que somos os criadores e os protagonistas da nossa própria história e que podemos reescrevê-la as vezes que quisermos. A história está a ser construída momento a momento, em cada gesto, em cada passo, sem guião programado e sem destino marcado. O coração guia-nos para onde devemos ir, sendo que a surpresa do desconhecido leva-nos a saborear as pequenas conquistas e a apreciar todos os gestos que vamos encontrando pelo caminho. A descoberta de não sabermos como a história vai acabar, mantém-nos presos ao livro. Neste caso será à vida :)

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