Expetativas

expectativa (eis...èct ou èt) expectativa (eis...èct) ou expetativa (eis...èt) expectativa (eis...èct)
(francês expectative)
s. f.s. f.
1. Acto.Ato.Ato ou efeito de expectar. = ESPERA
2. Esperança baseada em supostos direitos, probabilidades, pressupostos ou promessas (ex.: o livro superou as expectativas).
3. Acção.Ação.Ação ou atitude de esperar por algo ou por alguém, observando. = ESPERANÇA

In Priberam online


Espera + Esperança = expetativa. Projeção sobre algo que gostaríamos que fosse, mas ainda não é. Busca por algo que almejamos atingir pela suposição que nos vai saciar.

Vivemos um pouco na corda bamba entre o que foi e o que será, esquecendo que o que realmente existe é o momento presente. Agarramo-nos ao vazio do que já deixou de ser e ainda não é para alimentar a doce mente que mente.

Nem sempre o que desejamos é o que precisamos de facto na nossa vida para crescer.

Ora vejamos: imaginemos que o meu sonho era ter um BMW. Trabalho arduamente para conseguir adquiri-lo e posso vir a conseguir tê-lo e sacio a minha necessidade e posso usufrui-lo ao máximo ou então sobrevalorizá-lo, do género, poupá-lo ao máximo, ser paranóica com tudo o que seja relacionado com o carro, pois "lutei" demasiado para o conseguir, e percebo que não consigo desfrutar dele na íntegra.

Por outro lado, posso nunca conseguir tê-lo e vivo frustrada com isso. Ou para saciar a minha necessidade compro outro carro de gama mais baixa e valorizo o transporte pelo seu valor inerente de me poder transportar-me de um local para outro e transformo a minha perspetiva sobre o valor carro/ marca.

Guardo com carinho a frase que me disseram "não faças muitos planos para vida, não vás estragar os planos que a vida tem para ti". Quando estamos muito obstinados em seguir o plano traçado, só olhamos fixamente para ele e esquecemo-nos de ver as estradas paralelas que a vida apresenta, deixamos outras oportunidades escaparem-se entre os dedos, porque "eu sei exatamente o que quero" ou outra frase típica "eu sei exatamente o que não quero".

É preciso fazer um esboço, traçar uma direção, mas que ela seja aberta para permitir que novas direções se possam juntar, que tudo de um dia para noite se possa alterar e ser diferente.

A vida sempre me foi apresentando cenários surpreendentes, sem que nunca os tivesse sequer sonhado ou imaginado. Depois de estar neles, a mente adora fazer o seu filme, seja curta ou longa metragem. E o resultado, esse, vai sempre dar ao mesmo desilusão. Afinal, não passava de um filme, que só existia mesmo na mente que mente.

As histórias, as situações vão-se repetindo, porque há entusiasmo e esse leva à espera de mais, motiva-nos para fazer mais e melhor e querer. E perde-se qualquer coisa. A capacidade de valorizar, de dar valor e mérito ao que se tem, ao que se conseguiu e refletir sobre o resultado obtido. A lição.

Espero para mim o melhor. Mas o que é esse melhor? Euromilhões, casa, família? O que me satisfaz? Não sei se vou acordar amanhã, por que vou atirar para amanhã o melhor e não vou curtir o melhor que sou hoje?


Sei que amo e esse amor chegou sem aviso prévio. Não o espero, porque ele não está com todas as letras. Sei que existe, porque já se mostrou. Eu até aqui pensava que esperava por ele no meu silêncio de que um dia me batesse à porta e me mostrasse que aqui estava de braços abertos. Só lhe consigo dizer até logo e não um adeus. Porque o sentimento cá mora e nada lhe posso fazer. Mas estou viva e em cada esquina encontro-te, encontro a vida que há em mim e que sinto, que desejo, que sou mulher.

De ti não espero nada, ainda que espere tudo. Grande contrasenso de expetativa. Talvez?! Mas nessa espera encontro vazio... não há nenhum caminho que vislumbre. Será que espero mesmo? Ou apenas sinto e permito-me sentir-me esse amor, como algo que é mais forte que eu e que inunda. Sinto-te na ausência e na presença, apenas isso. Sei que és presença ainda que não te conheça. talvez por isso não haja lugar para exigências, nem expetativas. apenas permitimo-nos na presença a sentirmo-nos.


E sabes sinto-me livre na mesma. Pode parecer confuso encaixar isto na lógica racional deste cérebro que quer dar explicação a tudo. Porque não te sei explicar. Mas ao mesmo tempo não me incomoda. Antes, parece dar-me uma espécie de liberdade para me abrir ao mundo.

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