No silêncio da noite

No silêncio da noite viajo entre memórias.
O sentir do corpo e do coração que se mesclam e se tornam um só.
Viagens... A chuva que cai e me acaricia de doces momentos entre amigos, entre gestos e palavras dispersas, sem aparente ligação, mas que me transportam para um prado verdejante onde a chuva não pára de cair. Deixo de ser quem sou e misturo-me com a água que cai e como por magia desapareço na imensidão deste mar e céu. Vejo-te por instantes, com um olhar terno e doce. O teu toque doce abraça-me e eu acaricio-te com vontade de te mimar.um bambi juvenil que se abarcava no meu leito, como parte de mim, mas em simultâneo tão livre e solto que de repente começara a correr e saltitar pelos prados. Alegre e contente com a chuva molhada.
E eu ficava ali deliciada a observá-lo. Não precisava de mais. E como se esta comunhão pudesse ser sentida e vivida e partilhada ao sabor da chuva, uma pedra de um brilho natural, mas ofuscante, invadira-lhe as mãos. Irradiava. Um brilho tão natural como se dela fizesse parte, mas só agora conseguia ver.
Quando por momentos liberta o olhar da pedra, percebe que está rodeada de mais pessoas e cada uma apresenta uma pedra nas mãos. Todas elas cheias de cor e brilhos diferentes.

A chuva por vezes forte, por outras mais calma acariciava este cenário, participava.
E o corpo rodopiava, a chuva estava fora e dentro. Sentia o ritmo, a vibração, tudo em si tremia, como uma espiral que subia até ao infinito.

A chuva tinha sabor, cheiro a terra e o som das folhas a despontarem. Sentia a vida dentro e isso emocionava-a. Caíam-lhe lágrimas de forma inexplicável.Alguma estranheza também a invadia, por não saber o que fazer com este sentir, a não ser permitir-se sentir.

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