Os sonhos perseguem-nos


Sei que o que quero, quero já. Rápido, embalado, mas de preferência sem embrulho. O forte impulso para buscar o que quero, faz-me mover com determinação. Mas a ânsia de correr para obter o que quero, faz-me não saborear o caminho para o alcançar. Não o valorizo. Quero os resultados. Quero saber tudo já. A exigência pela perfeição faz-me caminhar com zelo, sempre focada no prémio.

Contudo o cansaço na correria desenfreada fez-me entrar numa letargia, uma espécie de preguiça aguda. E sim, hoje percebo que tenho sonhos. Mas para lá chegar leva tempo e muita dedicação. E dedicação a longo prazo aborrece-me. O resultado não é imediato.

Sou uma mulher de desejos. De estados efémeros. O que se cultiva e o que leva tempo a crescer desanima-me.

Mas tudo tem um tempo. E hoje quando olho para a minha orquídea que levou um ano em estado vegetativo e que não conseguia perceber se estava a morrer ou se já estaria morta, não desisti dela. As folhas verdes que tinham foram uma a uma morrendo e caindo, mas houve uma que se manteve verde. Aparentemente não cresceu, não se desenvolvia, mantinha-se. Meses depois vejo uma nova folha verde a crescer. E um ano depois vejo um caule a crescer muito lentamente e chega a Primavera começo a ver o primeiros botões. Nunca parei de a regar, mas confesso que já tinha perdido as esperanças, estava à espera que a última folha caísse. E a surpresa de hoje olhar para  orquídea e a ver florir, mudou a minha perspetiva.

Valeu a pena esperar.

Quando esperamos e continuamos a cultivar, a alimentar, a nutrir tudo vem ter até nós.
Há cinco anos atrás comecei a interessar-me por uma área de conhecimento. Comecei a investigar os cursos, os valores. E tudo era muito caro e longe. Era um investimento que para mim estava fora de questão, para algo que não sabia muito bem se iria gostar ou não. Abandonei.

Ainda assim esteve sempre presente. E quando eu me esquecia, havia sempre alguém de fora que me vinha fazer lembrar. Chegaram até mim algumas experiências e formações perto de mim a valores mais acessíveis que experimentei para que pudesse saber mais. E até fiquei com a sensação que não me identificava assim tanto com a área e quase que respirei de alívio por não ter feito a loucura do investimento que na altura não podia.

Cinco anos depois o curso chega ao Algarve, em valores acessíveis e tomei o risco, fui fazê-lo. E com muita luta e resistências por algo que é novo, percebi que tem muito a ver comigo e que já praticava um pouco deste conhecimento ainda que de forma inconsciente. Ainda a assimilar e integrar esta nova área de conhecimento na minha vida.

Mas percebi que os sonhos perseguem-nos... eles querem ser concretizados e por mais que fujamos deles, eles vêm ter connosco.

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