Sopros


A vida é tão estranha. E digo isto maravilhada com todo o mistério que a envolve. Num sopro tudo se espalha, se dilui como numa dança em que o movimento se revela e vai para parte desconhecida.

E não a podes agarrar, apenas acompanhá-la. Há momentos em que tudo o que se avizinha é o precipício e a inevitabilidade da morte. Outrora esta sensação da morte trazia-lhe angústia, medo... e agora? Aquela questão da sensação de estou perdida. O que faço agora, com aquela necessidade de ter de controlar.

A morte continua a estar presente, a sensação do desconhecido e pergunta... e agora? As muletas são menores, parece que antes apesar do desespero latente havia mais onde recorrer.. E agora não. Não há ao que recorrer. Resta-me apenas deixar-me estar e permitir-me morrer. A calma invade-me. O que mudou?
A fé, o acreditar que é um caminho que tenho de percorrer para ensinar a confiar, a perdoar e a amar. Vida estranha esta?!

Mas o caminho repetidamente tem-me mostrado isto, talvez para que o acreditar fique reforçado. Confiar na sabedoria da vida e que é abundante em tudo o que preciso para que o meu caminho fique mais leve e amoroso.

E nem sempre as provas são fáceis e fazem-nos duvidar, fazem-nos reclamar e trazem mágoa e dor. Fazem-nos perceber que somos humanos em evolução.

E acima de tudo perceber o quanto estamos todos ligados a ajudarmo-nos mutuamente na presença e na ausência com ou sem consciência.

Percebo que sou completa e nada me falta. Pode parecer estranho dizer isto quando na verdade conto os tostões e eles escasseiam e, chego mesmo por períodos de não ter um tostão no bolso. Mas esses períodos têm sido necessários também para perceber que tudo é temporário. Aprender o valor, o confiar e entregar.
A construir estrutura e dar novo significado à palavra segurança.

Hoje tenho a carteira vazia, mas o coração cheio dos gestos que me têm chegado. Dos encontros, dos convites e do Amor que me rodeia :)

Que eu me saiba perder para me encontrar. E que sejam muitos os encontros :)

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