Encontros


Feminino. Repouso. Noite. Desconhecido. Fim. Preto. Medo.
Maculino. Ação. Dia. Criação. Branco. Amor.

Encontros! Encontros entre a dicotomia do que é e do que existe. Nada está fora. Encontro e repouso na noite que cai, enquanto a lua me assiste recetiva. Relaxo e deixo-me levar para despertar num novo dia que acorda.

E aí, tudo se agita, o corpo acorda e põe-se em ação. Vamos fazer. Os sons, os cheiros, o movimento. Faço raciocínios, verbalizo, construo.

Encontros! Encontro-me nesta dinâmica. Entre o silêncio e a ação. E as voltas trocam as voltas. E as perceções mudam.

Tenho medo! Medo! O que será que eles estão a pensar de mim? Estou a parecer ridícula? E se não estiver a agradar?

Sorrio! Respira. E observo. Deixo-me estar. Não importa. Eu não sou os meus pensamentos.

Mas... mas... se eu não estiver a agradar? E se ninguém gostar de mim? Eles estão a ver-me. Não estou a conseguir controlar a situação. E se eu não for bem sucedida? Quando eu morrer ninguém se vai lembrar de mim... Devia escrever um livro.

Espera lá... Isto é só um palco. A mente é tão gira. Que cenários fantásticos. E eu assisto, sem nada fazer. E a vontade que move empurra-me para que me expresse. E com Amor abraço-me em tudo o que sou.

E o desconhecido deixa de ser tão assustador. Passa a ser um salto para algo ainda não experimentado. Os contrastes estão lá. Existem. A noite escura pede para ser atravessada.

As emoções vêm e nós queremos que passem rápido ou que fiquem mais um tempo. Não controlamos o que vem, apenas seguimos o ritmo. Tudo está dentro e nada permanece.

Vazio. Cheio. Ausência. Presença. E tudo se resume ao mistério que é viver. Há uma morte em cada instante. O passado que já foi, o presente que é e que morre no momento a seguir para dar lugar a um novo presente.

Como num jogo de esconde, esconde. Agora está, agora não está. E o jogo entre o branco e o preto corre naturalmente na tela sem que eu consiga controlar o fluxo entre o branco e o preto.

E eles vão marcando o ritmo do movimento contínuo que existe. E eu respiro! Acompanhando o movimento, ora inspiro tudo o que está à minha volta e é parte de mim para no momento a seguir expirar toda a minha vontade e tudo o que sai.

E neste ciclo vou transformando, criando, reciclando e assistindo ao encontro da morte e da vida que ocorre em mim a cada instante.

À medida que vou aceitando este movimento vou apaziguando o contraste da dualidade. Não que ele desapareça, pois faz parte. É na dualidade que me perco e me encontro. E vou tendo encontros com as partes de mim que ainda não reconheço e vou descobrindo a pouco e pouco.

Preciso da noite para apreciar o dia. Preciso da guerra para apreciar a paz. O equilíbrio entre as polaridades que existem dentro vai ressoar com o mundo que encontro fora.

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