Alvoroço



Era tarde... e ela queria que fosse mais cedo. O tempo encurta e a respiração fica mais acelerada, pois que o tempo fica mais curto para tanta respiração que quer sair. Assim respirando em espaços mais rápidos consegue respirar mais vezes....

Tanta vida, tantos momentos, tanto presente para uma pessoa só. E quer-se açambarcar tudo. Difícil fazer escolhas ou sequer pensar que tem de se fazer escolhas. Tudo precisa de ser feito, pede que seja já, quando se gostava de ter mais tempo para fazer tudo.

E aí muito se perde ou muito se ganha. Apercebe-se da agilidade em fazer e do quanto é possível realizar num espaço de 24 horas com direito a horas de sono, de alimentação, desporto e lazer. A vida é tão cheia. Tão cheia de nada, tão cheia de tudo. E ficam os sorrisos, a azáfama, o nervo miudinho, a ânsia de achar que não se consegue fazer tudo e a felicidade de se conseguir fazer. A benevolência de aceitar as intempéries e de que não se controla as circunstâncias e deixar-se ir ao sabor, ao ritmo natural que a vida vai pautando, sem que se possa medir para onde vai, onde termina e onde começa.


E a música toca, sempre toca.Ora a ritmo acelerado ora lento, para que as pausas possam ser também elas saboreadas.

E respiro... ao ritmo que me é pedido, momento a momento.

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