A procura

A procura. Só o silêncio nos ajuda a encontrar. Gostava de falar verdade.
Pergunto-me...qual verdade? Será que minto quando me expresso? Qual é a verdade, senão aquela que sinto a cada momento que me expresso.Amanhã pode ser mentira, por ter atualizado o meu pensamento.

Posso por vezes ficar chocada com a volatilidade do que penso. Há uma morte em cada instante. Não sei se fique, não sei se vá. Tem de haver uma explicação para tudo, na ânsia de poder definir quem sou e o que quero. Em cada morte renasço. A pele que visto pode ser a mesma, mas se olhar bem, subtilmente essa matéria não é estática, vai alterando com o passar do tempo. Moldando-se também às mortes e às novas vidas que vai incorporando na mesma pele.

Nunca vou saber quem sou. Em tempos quis saber quem era a personagem que me habita. Quando comecei a vasculhar deparei-me com tantos personagens. Cheguei a perguntar se seria atriz, já que no meio do elenco não conseguia definir quem seria. Talvez seja normal quando passamos demasiado tempo em cima do palco a viver uma fição. Cansei-me de tantas perguntas e talvez também das respostas.

Por vezes ainda me atormenta não saber qual a direção, mas sinto que cada passo que dou me mostra que estou a caminhar na direção correta, aquela que me mostra o que sou e me revela o grande mistério e riqueza que é respirar. Transbordo vida, mesmo quando acho que estou inerte, parada e vegetal, mesmo quando tudo o que apetece é pôr em modo pausa e dizer " só por instantes deixa-me estar quieta, basta-me apenas respirar e nada fazer".

Comentários