Malmequer

Havia tanto por dizer... mas as palavras não saem. Talvez não se explique o que vai cá dentro, mas há sempre a tentativa inútil de traduzir sentimentos, emoções.


O amor é, simplesmente isso. E comporta-se de estranhas formas. O simples é invisível aos olhos.
Espera-se que o comportamento traduza o que as palavras tentam esconder. Talvez sim, talvez não.

Quando não encontras as palavras, os motivos, o corpo manifesta-se, orienta-te.Quando não consegues ouvir-te, o corpo dá-te sinais de alerta para que pares, para que olhes para dentro e sigas a tua intuição. Por vezes temos mesmo de passar pela doença para limpar e purgar o organismo e permitir que a cura se dê.

Ainda assim por vezes mora a resistência e fica-se em luta, não se quer aceitar a verdade que está perante a nossa vista.

Gosto tanto, que fazes-me mal. Fazes-me bem e eu faço-te mal. Estás aqui bem perto e vais-te abrindo como uma flor, mostrando-te após cada conflito. Como se tivesses percebido a lição inerente e ok, vamos melhorar. No outro lado, está a outra flor que se fecha em cada abertura da outra flor. Talvez seja timidez, ou fique ofuscada com a abertura do seu outro lado. Mas não consegue ser diferente. E isso, incomoda-a. Não consegue dar mais, não tem vontade. Respeita, mas não aceita.

Por vezes gostava de partir e deixar que a flor aberta e luminosa irradie a totalidade. Mas não a quer magoar, nem fazer sofrer. E até gosta da sua presença, faz-lhe bem. Mas será suficiente? Estarei a limitar a sua felicidade e a minha. Como se termina um amor onde há amor? Talvez o amor se tenha transformado noutro tipo de amor. E caramba, como é difícil as palavras saírem... Será que é isto que elas querem dizer... como se traduz o não sei. A indefinição?

O que toca cá dentro? A presença faz-me bem, mas a ausência também. Sinto, sinto muito, por sentir ambos os lados, ambas as dores e angústias, assim como as alegrias e as gargalhadas.

Mas esta sou eu...

E é neste movimento que a vida se mostra, entre altos e baixos. Agora abre, agora fecha. Nada permanece e tudo é eterno. Já nos cruzámos em tantas vidas e talvez nos voltemos a cruzar. E que possamos contribuir para trazer ao mundo a versão melhor de nós próprias. Flor aberta, flor fechada, flor aberta, flor fechada. Bem me quer, malmequer, bem me quer.

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