Tenho todo o tempo do mundo



Quantas vezes adiamos a nossa vida? Por acharmos que não estamos preparados para encará-la de frente?

Pois é, muito comum. A vida vai-nos dando sinais, e nós por algum motivo não queremos ver, ouvir e deixamos passar. Vem a doença que se manifesta mostrando-nos que temos de mudar. E nós resistimos com todas as forças. Não nos sentimos preparados para arregaçar as mangas e dar de nós.

E há um momento que a vida nos tira o tapete e nos empurra literalmente. Agora tens de te fazer à vida, encarar os teus medos, ou morres por dentro, com tanta resistência que criaste aí dentro. Ela tem de sair por algum lado.

Uma parte de mim morreu e outra está renascer a olhos vistos. Sou uma estranha que habita este corpo. Uma dor que percorre todos os poros, mas que emana uma vida tremenda. Descobriu que Ama com todo o seu coração. A dor tira-lhe o chão e dá-lhe uma força enorme. Há vida que corre por todas as veias. Está mais bonita, sente-se mais bonita. Tão forte e tão  frágil. E como é bonito olhar-se e ver a sua vulnerabildade. Alegrar-se pelas lágrimas que lhe percorrem o rosto e perceber o grande Amot que é.

Tanto controlo, tantos medos que agora explodiram... Até o seu corpo físico se está a transformar, tamanha a libertação.

Invade-lhe o medo e a coragem. O medo de voltar a falhar e a coragem de voltar a dar, a dar-se inteira, com toda a sua fragilidade e coragem. Mas ainda assim a vontade de dar, de cair e voltar a levantar-se.

Nunca é tarde demais para poder sentir, para depois de tantas quedas, levantar-me e  ser. E se cair, volta a tentar. Tenho todo o tempo do mundo para voltar a amar-te.

Esperei a vida inteira para te encontrar, e quando te encontrei, perdi-me. Tive de perder-te novamente para te voltar a encontrar dentro de mim outra vez. E que me perca todas as vezes para te voltar sempre a encontrar.

Não que não consiga estar feliz sozinha, porque encontro-me sempre ao virar da esquina, às vezes descalça outras cheia de garra e força, tenho em mim a alegria de viver e estar viva, apesar de todas as porras. Mas sabes, poder partilhar-me contigo e acompanhar-te faz-me entrar em comunhão com a vida e contigo que és vida e também parte de mim.

Tenho todo o tempo do mundo... Para voltar a encontrar-te.

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