Aceitação



Fala-me de ti. O que expressa o teu corpo? Como te movimentas? O teu corpo fala-te por sussurros, como uma dança sensual que te seduz diariamente. Reparas?

Deixas apaixonar-te por esse corpo que se declara a ti a todo o instante? Não é que sejas só corpo, mas é a primeira manifestação palpável que entra em comunicação contigo. E como é que o tratas? Ignoras-o, alimentas-o, tratas-o com carinho ou agressividade? Quantas vezes o tornas esquecido?

Não o olhas, não o reparas? Quantas vezes o tentas controlar e dominar? O que te diz o teu corpo? Está cansado, dorido,relaxado? Escuta-o. Toca-o, acarinha-o. Quantas vezes já paraste simplesmente para te tocar, para te sentir, para saborear a textura da tua pele, as curvas do teu corpo? Esperamos ser tocadas por outros... E o nosso toque, o nosso abraço, o nosso beijo? Experimenta o movimento do corpo, deixa-o dançar, percebe o que ele te pede, despe-te, permite-te ficar nua perante ti. Entrega-te.

 Deixa que a mente navegue entre os seus pensamentos, juízos de valor. Tu não és os pensamentos que circulam na mente, eles são a carga que precisa de ser liberta para que possas chegar mais fundo dentro de ti. Foram muitas as crenças impostas pelo exterior entre o certo é o errado, os pré-conceitos que te fizeram aprisionar dentro de uma gaiola enorme. Solta-te. Permite-te voar e ser quem és.

 Percebe onde te tentas controlar, onde queres controlar o que está fora de ti, o que anseias, o que temes. Onde és tu, onde tentas agradar. Onde te reconheces, onde esperas que sejam os outros a reconhecer para te validar, para te sentires aceite e respeitado. Quais as partes de ti que não aceitas e não reconheces e delegas para o exterior, para que o exterior se responsabilize por te aceitar, já que tu abdicaste desse teu dever de te auto-responsabilizar. Quanto te admiras? Quanto amas a pele que vestes? Quanto gostarías de vestir uma pele diferente da tua, quanto recusas o papel que desempenhas no aqui e agora?

 Todas as experiências, desafios são aprendizagens para que nós possamos olhar, ver, escutar e aprender a amarmo-nos cada vez mais e melhor. Que sejamos mais benevolentes e amorosos connoscos. Que somos o melhor que conseguimos a cada momento. Para que cada vez que me olhe ao espelho goste cada vez mais da pessoa que vejo lá refletida.

Já não sou a pele que vestia ontem. Hoje olho-me com surpresa pela pessoa linda que vejo e agradeço. Amanhã deixa-me com um sorriso nos lábios pela curiosidade de saber como é que me vou apresentar e manifestar. Mas acima de tudo abandono-me nas mãos da vontade divina, na aceitação de tudo o que é, de tudo o que virá com o propósito de que o destino se cumpra para o bem maior de todos. E nesta rendição de aceitar quem eu sou em cada momento apoia e auxilia a aceitação de tudo o que está fora de mim e rodeia, afinal nada está fora de mim. Se eu sou a parte e o todo, tudo mora em mim.

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