Mãe




Mãe... Tenho duas. Mãe e avó, as mulheres da minha vida. Mãos gastas e marcadas pela vida. Vidas desafiantes, marcantes. Trabalhar sol a sol, as circunstâncias que nem sempre se mostraram doces. Os rostos cansados, mas uma força bruta de quem encara o dia a dia de pulso firme. Para a frente é que é caminho, vamos lá travar mais uma batalha.

Foi assim que as mulheres da minha vida me apresentaram o mundo. Lembro-me de bem pequena ouvir a minha mãe dizer. "A vida são mais espinhos do que rosas". Frase dura esta de se ouvir para uma criança sonhadora que vivia no seu mundo cor de rosa, do qual nunca quis acordar.

E mulheres de armas passam também esse ensinamento às crias. Duas mulheres de trabalho que acompanhavam à distância o crescimento das crias, que garantiam o sustento e de que tudo estava a correr bem. E assim com essa liberdade fui fazendo o meu caminho, com um olhar vigilante, mas sempre desprendido. Levei muito tempo até conseguir agradecer, mas hoje agradeço profundamente este "atirar-me do ninho, para aprender a voar sozinha". Permitiu-me cair, levantar, mas caminhar pelo meu próprio pé. Fazer escolhas e assumir as respetivas consequências. A criar o meu senso de responsabilidade por mim e de autonomia. E apesar das histórias destas duas mulheres terem sido marcadas por muitos desafios, são mulheres de uma fé incrível. Acreditam que são os desígnios de Deus, que há um propósito e que o dia de amanhã será melhor. Alimentam-se de esperança, de amor.

E tenho em mim estes grandes exemplos de força, determinação, resiliência, fé que me acompanham e que são os meus pilares.

Obrigada mães pelo colo que não me deram, foi duro, enquanto não percebi que tinha de ser assim, enquanto não vos perdoei. Mas agora que aceito consigo sentir o vosso amor incondicional por mim. Vigiavam-me, sabiam que eu era capaz, confiaram e permitiram-me trilhar o meu caminho, que eu descobrisse o mundo com os meus próprios pés.

Obrigada! Amo-vos muito mãe e avó do coração :)

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