Tempo de Reciclar



É tempo dos Re-. Reavaliar, rever, restruturar, refazer, retribuir. Requer paragem. E as desculpas são tantas para não parar. Tanto por fazer, tantas atividades, que parece não haver tempo e lugar para a Reflexão.

Mas o sentir mais forte que te guia, chama-te e não dá como não ouvir. Ontem foi dia de revisão, de fazer um balanço dos últimos dois meses. E tanto já mudou e se transformou. O caminho continua e pede constante mudança, mas é importante observar e ver como se está.

Foi dia de limpeza exterior também. De cuidar da casa, de limpar vidros, tirar cortinados, lavar portas, tratar das plantas. De refrescar a casa e dar-lhe uma nova vida.

E o exterior reflete-se no interior. A casa que habito dentro de mim. Ela tem vida, muita, muitas coisas. Todas diferentes, mas convivem em unidade. E também precisa de limpeza. Quando se limpa o exterior, o interior também limpa. É tempo de purgar o organismo de toxinas. O corpo é sábio e fá-lo sem pedir "com licenças". Não só a expelir, como também a pedir o alimento que precisa. Fruta e água foram os alimentos que acompanharam a limpeza. E como não só de purga vive o organismo, é importante mimar, acolher, nutrir. Massajar o corpo e a alma. Permitir receber.

Quando se limpa fica um vazio, uma espécie de tristeza, melancolia, uma não pertença, uma desidentificação com tudo. A libertação de qualquer coisa deixa um espaço, um buraco. É-se devolvida a um estado de solidão temporário. A vontade de pedir colo, de sentir um abraço é urgente para ser devolvida ao todo, à união da família e da pertença. Mas a noite escura precisa de ser atravessada, deixar cair as lágrimas e despedir do que já não faz falta, largar, libertar, para que o novo possa brotar na vida.

O colo ainda que tentemos pedi-lo do exterior é sempre de nós que tem de vir. Somos nós que temos de abraçarmo-nos. Ser o nosso pai e mãe e conferir a estrutura e segurança emocional. E sim, no momento em que pedi colo, ainda ao exterior, na ilusão de que pudesse sentir-me abraçada por outro, recebi o abraço, um abraço bom, confortante e cheio de amor. Não sei de onde veio, mas veio.

E hoje tive tantos abraços que chegaram sem pedir, foram gratuitos, espontâneos, imprevisíveis. Vieram com carinho, amor, emoção, gratidão, vieram de bem e por bem. E sim é preciso largar tudo, para poder receber tudo.

E no cuidado de me cuidar, permitir-me receber, mimar o corpo. Perceber há quanto tempo não recebia uma massagem e quão bom é receber. Sentir-me merecedora. E a abundância que a vida é. E como tudo é movimento e expansão. Aquilo que recebo naturalmente dou. Foi dia de troca. Receber para me poder dar. E neste fluxo vou sendo, vou-me cumprindo.

"Oh mestra que me ensinas o valor do Amor, da Compaixão e do Serviço, que eu possa ouvir nas tuas palavras o canto da Alma".

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