O despertar da princesa encantada



O que te move? O que te prende? O que te faz gemer de prazer, rir até às lágrimas? O que te faz vibrar, quebrar o salto?

Quantos momentos quiseste agarrar e guardar em caixinhas? Quanto te sentes vivo e com aquela adrenalina de uma vida não chega? Há tanto para dar, receber e partilhar.

A vida acontece-te. E quanto de ilusão carregas no que te acontece porque gostarías que fosse de determinada forma. Quanto alimentas aquilo que gostarías que fosse e não é, mas porque achas que tem o potencial para ser perfeito, investes não no que é, mas naquilo que acreditas que poderá ser um dia?

Quantas mentiras a tua mente te coloca para provar por a + b que se seguires determinada rota vais ter os resultados esperados?

Alimenta o tempo que achares necessário, o tempo suficiente para que a máscara possa cair e devolver-te a ti próprio. Só assim poderás aceder à tua intimidade, reconhecê-la. Encontrares-te com a tua vulnerabildade. Que erras, que falhas, que te mentes, que te irritas contigo, que sentes raiva, que te sentes impotente, dependente, inseguro. E depois de te negares 7 vezes como Judas e o galo cantar, poderás pedir perdão. Perdoares-te, renderes-te, perceberes que és falível e em consequência seres mais benevolente contigo e com o próximo. Se nada está fora, tratas o outro como consequência da forma como te tratas.

A única coisa que te é pedido é que sejas honesto com o teu sentir. Não importa o outro. Não importa como o outro vai receber a mensagem, apenas a tua honestidade. Se ela for pura e de coração será transmitida com esse amor generoso de quem põe nas palavras o sentir da verdade do coração.

Nem sempre é fácil perceber onde está essa honestidade. O ruído é tanto, entre o que é dito e esperado, que não se percebe entre tantas vozes o que é a verdade. Construímos muros e castelos para nos protegermos, para não sofrer... Tantos que até chegamos a demitirmo-nos do nosso papel ativo. "Eu não tenho medo de sofrer, eu não quero é que o outro sofra, por isso é que cuido e defendo". 

Será? 

Quando é que te despes e te assumes? Nu e cru, sem meias palavras, sem negações? Não é ao outro que enganas, apenas a ti mesmo, na ilusão de que assim te proteges. Colocas a imagem de que estás seguro e consciente do teu sentir e do que queres.

Eu respondo que nada sei... Que recebo, liberto, dou e entrego. Não há certezas, abandono-me à vida para que ela me receba e trace os melhores planos para mim. Sou guiada pelo sentir que não compreendo, mas que me guia, que me reforça a vontade de decidir dar cada passo. E se tenho dúvidas acerca desse sentir vem a vida puxar o tapete e reforçar aquilo que teimo em não querer ver.

Aceito o que é e agradeço. As oportunidades que traduzem encontros de proximidade comigo. Já não são batalhas. Já foram. Agora são janelas que se vão abrindo e vão ajudando a respirar melhor.

Um dia essa verdade vai estar bem firme nos olhos e ouvidos do coração para que toda a comunicação se faça a partir daí. E então os nossos corações voltarão a encontrar-se para dançar a mesma música.


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