Cuida da tua energia

Tão importante como cuidar do corpo com exercício físico, alimentação, descanso que também é energia, é conscientemente cuidar da nossa energia vital.

Como é que a gerimos, como a alimentamos e como ela se comporta na dinâmicas do relacionamento.

Muitas vezes demitimo-nos da  responsabilidade da nossa energia, e em vez de processarmos o que é nosso, descarregamos para cima do outro as nossas necessidades e carências. Exigimos que o outro nos dê aquilo que não somos capazes de dar a nós.

No outro dia uma amiga disse-me uma coisa gira. "Eu não estou bem, não tenho que levar com os problemas dos outros, não sou nenhum saco do lixo". Achei curioso o seu desabafo e também me intrigou.  Pois como estamos todos interligados, as experiências que atraímos também trazem mensagens para nós, acerca da nossa história, das emoções que pomos debaixo do tapete. Mas a grande lição também está presente na frase que a amiga proferiu. A consciência de como está e o respeito pela sua energia. E nessas dinâmicas de interação com outro onde a troca de energia é uma constante tem de haver um equílibrio e respeito pela energia de cada um.

Muitas vezes temos consciência numa conversa com o outro que a energia vai descendo ou perante o entusiasmo que a energia se expande. Outras vezes não tendo consciência desta dinâmica o corpo físico reage dando alerta. Ora começamos a ficar desconfortáveis, com sono, a bocejar, o estado de atenção dispersa-se... Enfim se estivermos atentos percebemos vários sinais.

E isto pede-nos atenção para o que alimentamos e permitimos. Todos nós temos em nós um lado altruísta e de cooperação. É humano querermos ajudar o outro, ser bons ouvintes ou ajudar mesmo através de ações (exemplo: ajudar nas arrumações/ mudanças de uma casa) e principalmente por isso temos de estar atentos.

Se a energia que damos e pomos na ajuda é gratuita, se nos doamos de coração sem esperar nada em troca e se a energia flui ou vai com esforço. Muitas vezes a ajuda que damos é para alimentar o ego "sou boazinha e ajudo muito as pessoas, é o meu papel" outras é na expetativa de uma retribuição.

E isto acontece quando a energia é alimentada com as coisas de fora e não dentro. Quando nutrimos a nossa energia com amor através do nosso ser, seja usando ferramentas como meditação, reiki, contacto com a natureza, silêncio, percebemos que temos tudo e estamos preenchidos.

Não há nada para procurar fora, nem lugar nenhum onde ir. E sim, continuamos a perceber e interagir com as dinâmicas do dia a dia, a assistir e participar neste jogo. A interagir com linguagens diferentes e vários níveis de energia. A desempenhar também o nosso papel.

E somos responsáveis sempre na maneira como utilizamos a nossa energia. A carga que colocamos nela. E se eu estou menos bem, essa responsabilidade é minha, não tenho de descarregar no outro. Há pedidos de ajuda, sim. E quando estou menos bem, posso procurar ajuda para que possa curar as minhas feridas. Sendo que não é o outro que as vai curar, apenas dar ferramentas para que o trabalhe se inicie. Às vezes só temos de ser presença e ouvidos. Mas o outro que se disponibilizou a ouvir terá o papel de ajudar a sair do registo, a elevar a perceção do outro.

Contudo, também há pessoas que fazem pedidos de ajuda, mas não querem efetivamente ajuda, apenas querem energia para poderem exprimir os seus problemas. E mantém-se no registo de vítima ou culpado a alimentar-se da energia do recetor. Claro está que isto são processos inconscientes. E é aqui que é importante ter atenção e cuidar da nossa energia. Se permitimos e alimentamos este tipo de situação, perceber porque o fazemos também.

Ninguém é responsável por ninguém. Apenas temos responsabilidade para connosco. Muitas vezes digo que perante este tipo de situações devemos enviar Amor e libertar, desenvolver compaixão pelo processo do outro. Em algum momento, nós também já estivemos nesse registo. Nada está fora de nós. Mas o facto de já lá termos estado não nos torna responsáveis por desempenhar o mesmo papel que alguém no passado já desempenhou connosco.

É libertar e tomar consciência que o nosso padrão e linguagem evoluiu. E é claro que não nos impede que aamanhã perante uma situação de vida não voltemos a esse registo, ainda que, acredito eu, que a tomada de consciência será mais rápida e nos permitirá sair daí também massa rápido.

Temos também de aprender a não jogar para o outro aquilo que é nosso. Quantas vezes as mágoas, principalmente após um final de relacionamento amoroso são jogadas para o parceiro? As raivas, as cobranças. Queremos que as dores desapareçam e então queremos partilhá-las com o outro para ver se aliviam... Mas não é uma ilusão. Não dá  como fugir. E quanto mais alimentamos, mais permanece. Sim, já estive nesse registo. Hoje, consegui olhar de frente para elas, responsabilizar-me por elas e tomá-las como minhas. Abraçá-las e curá-las. Para o parceiro que me permitiu ver apenas devolvo  aquilo que tenho dentro de mim e que sou. Amor! Porque quando entramos no processo de aprendizagem do Amor próprio,há essa tomada de consciência, do Amor que somos e queremos que o outro seja feliz, abundante e ame. Não há julgamento, apenas Amor 😀

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