Desliga a ficha





E quando desligas a ficha... Não fazes planos e tudo te acontece?

Sabes que queres parar e finalmente consegues. Ainda que as solicitações sejam muitas, não aceitas nenhumas. Deixas tudo para a última, ou seja, não decides, que também é uma decisão por si só.

E eis que o momento de paragem te acontece, ainda que intermitente, pois que desafios de última hora te sucedem para que tenhas de estar presente. Como é difícil desligar do trabalho e ir de férias, e boicotas-te, para que no fim a tua razão seja validada. Sou tão necessária que tiro férias e surgem situações para resolver e que só eu posso tomar conta delas. Devo ser mesmo imprescindível neste meu mundo em que o eu gosta de protagonismo. Pois é, agora atura-te, a sabotares-te desta maneira é a estragares as tuas potenciais férias.

Pois é... Vou ficar em casa a descansar, a uma curta distância do trabalho, não vá ser precisa. E continuar as rotinas diárias, com a diferença de poder dormir até mais tarde e ver a semana passar num ápice.

E em modo de melancolia deste desapego, eis que a melancolia aperta, o tal vazio de "coitadinha" de mim e de uma tristeza que parece ter vindo para ficar. Uma ronha e uma preguiça, de deixem-me estar aqui encostada, abandonada à minha mercê, de papo para o ar, sem fazer nenhum e sem vontade de fazer seja o que for.

E eis que o domingo acorda com uma ação fora do vulgar. Vamos sair da cama, diz aquela voz que acorda a outra rabugenta que só pensa "deixa-me da mão, deixa-me estar". E eis que o envio de um e-mail com um pedido improvável, mas com o sentir de olha está entregue, o que tiver de ser será, despoletou a vontade de limpar a casa, porque sim, quero-a limpa. Desarrumada, mas limpa. Um café que se toma entre amigas, não desde sempre, mas do coração. Partilhas que abrem corações doridos, dores partilhadas que também são as minhas. E como são bons os reencontros de almas que se reconhecem. O tempo não passa ainda que o relógio marque o ritmo e o dia mostre que já vai longo. Tempo de regresso a casa. As leituras que vêem ao encontro que sintetizam as conversas e que as integram. Um sorriso que se esboça no rosto com a aceitação profunda de que tudo está no lugar certo.

Eis que chega a resposta do pedido improvável, com a confirmação de que é possível. E eis que respira o primeiro sopro de entusiasmo. Nem se sabe bem porquê, uma vez que não se pode adivinhar o que advirá dali. Supermercado, compras. E eis que as emoções ao rubro pedem açúcar. Gelados, 3 variedades enchem o congelador minorca da casa. É preciso é que as necessidades estejam saciadas e as emoções bem nutridas com tudo o que pedem.


Mais um convívio para a noite, e não fosse o calor do verão convidativo para um paleio de café ao som dos caninos que se juntam para animar a festa. Entre risadas, conversas  sérias e divertidas.

Mas sem antes, receber um telefonema com mais um convite que teve de ser declinado, mas que acabou por ter o seu lugar mesmo ao telefone, porque isto encontros podem ser físicos ou virtuais, dependendo, pois está das devidas disponibilidades. E entre partilhas, histórias de vida, lamentos e tomadas de consciência, surgem as férias. Assunto sério entre duas alminhas que se lamentavam das ocorrências do momento. Como quem diz, agora que descarregámos o saco, falemos de coisas importantes. Há e tal... Gostava de ir para um sítio diferente, há tanto tempo que não faço campismo e gosto tanto. No outro dia sugeriram-me aquele local. E eis que, lanço os dias, numa conversa improvável, com alguém que gosta de ter tudo bem estruturado e planeado com a devida antecedência, me diz, vou desmarcar o dentista, mudar a aula e vamos. E eu a pensar, hmmm... Ok eu acho que estava a pensar em voz alta um possível desejo. Na verdade, ainda não tinha pensado verdadeiramente no assunto. E perante tal vontade, certeza, pois que lancei o isco, a coisa acontece. Férias marcadas, destino traçado, e lá vamos nós de tenda armada, acampar.
Brilhante!

Desliga a ficha... E permite que a vida te aconteça.


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