A propósito de propósito



A propósito de propósito de vida eis que hoje este tema vem de propósito. E que na redundância das palavras vem o reforço de como a palavra tem poder e assume diferentes significados de acordo com o contexto em que é aplicado. Assim é a nossa perceção variável consoante as nossas crenças e valores.

Não há certo nem errado. Cada ser é único e irrepetível com um mapa mundo também individual e próprio, assim como o seu propósito de vida. A missão de vida. O que te faz mover, qual a tua fé, o que vieste cá fazer, qual o teu papel?

Esta é a questão que temos de responder a cada momento das nossas vidas. O ser humano tem necessidades básicas que precisa ter preenchidas, a necessidade de pertença, de amar e ser amado, de contribuir, partilhar. Precisa de significado, de ser significante.

E muitas vezes andamos em piloto automático, a fazer, fazer, com as necessidades confundidas, achando que sendo útil para os outros conquistamos o significado de pertença e de ser amado. Não nos questionamos, não nos pomos em causa. Alimentamos o mito da Gabriela "eu nasci assim, eu sou assim, Gabriela". E na verdade morremos tantas vezes numa só vida. Não sou a mesma que era ontem e pôr-me em causa, permite-me que me abra à mudança, que possa transmutar crenças e valores e possa seguir na caminhada da evolução.

E ainda que vá morrendo várias vezes numa só vida, permitindo que as máscaras vão caindo, que me vá subtraindo para que siga caminhando cada vez mais leve, há algo que me acompanha sempre e que se vai abrindo conforme o nível de consciência (entendimento) vai aumentando - a minha fé, o meu propósito. Posso não ter muita consciência dele, mas ao juntar as peças do puzzle vou reconstruindo.

Nunca estamos fora do nosso propósito, podemos não querer olhar para ele, mas ele está lá. Nas brincadeiras de criança, nas pequenas coisas que fazemos no dia dia, a maneira como fazemos o nosso trabalho, como nos relacionamos com os outros. Em todas as dinâmicas.

Podemos contudo, achar que ainda não estamos a fazer a nossa "cena" ou que já fizemos tanta coisa tão diferente e que não conseguimos vislumbrar o nosso papel. Isso acontece por vezes porque temos expetativas, porque não nos olhamos de forma simples. Os "comos" vão sendo revelados passo a passo, à medida que largamos o controlo e as resistências. É a tua jornada aqui nesta vida, o caminho de reencontro com a essência.

Precisamos de tão pouco do exterior. O essencial encontra-se dentro, pelo que adentra-te dentro de ti. Quando temos o céu e te deténs a olhar para a imensidão de estrelas, de infinito, percebes o infinito de possibilidades que tens aqui disponível para ti. Não queiras ser nada, nem ter nada. A partir desta crença abres-te ao mundo para receberes tudo, pois que em ti nada esperas. Abres a porta à recetividade.

É claro que para isso tens de te comprometer. Comprometer-te com a vida, em dares, dares-te a todo o momento, doares-te em tudo o que és e fazes. É andar num trapézio sem rede, confiando que a vida te trará sempre tudo o que precisas. E assim viverás em abundância e o propósito estará sempre presente porque é ele que te guia e orienta.

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