Conhece a lei e sê livre



Observar.  Num dia que passa, tanto movimento. Quanto olhas e reparas?

Quanto te reparas? As dinâmicas que te acontecem durante o dia, as circunstâncias e situações que atrais para a tua vida. Como estão as tuas emoções, a tua energia e ânimo?

Os dias por vezes passam por nós e nem o vemos passar. Só quando paramos é que vem a descarga, seja do cansaço, do que ficou por fazer, do que ainda falta fazer. De situações que no geraram stress ou conforto... Do quanto sentimos que os outros descarregaram em nós ou nós descarregamos nos outros.

Como está a tua perceção perante aquilo que te acontece?  Estás focado no fora ou dentro de ti?

As leis universais atribuídas a Hermes Trismegisto, as 7 leis, falam do desta ordem de como funcionam todas as coisas. Conhece a lei e serás livre. A lei da correspondência menciona que "o que está embaixo é igual ao que está em cima e vice-versa". Há uma correlação e interligação e no fim do dia é tudo a mesma coisa, pois é energia, vibração e unidade. A ilusão de separação é-nos dada pela perceção que temos de acordo com o nosso mapa mundo, as nossas crenças. Eu vejo o mundo de acordo com os meus olhos, com o que eles conseguem alcançar, que será sempre limitada de acordo com as minhas verdades do momento. À medida que vou evoluindo e ampliando, vou aumentando essa visão.

De acordo com esta lei vou conseguir perceber como está o meu mundo dentro. Se atraio para a minha vida dinâmicas conflituosas, pessoas pessimistas e críticas, o que isto dirá acerca de mim? Como está internamente a relação comigo? Estarei provavelmente em conflito, fechada e a ser auto-crítica. Provavelmente estarei cansada, desmotivada e sem grande entusiasmo pela vida. Se pelo contrário, estiver rodeada por dinâmicas assertivas e potenciadoras, provavelmente estarei otimista, recetiva, confiante e alegre com a vida. Esta é assim uma análise de polaridade por contraste de extremos, mas que serve de exemplo para que possamos olhar em perspetiva para as dinâmicas que atraímos com maior frequência para as nossas vidas e poder olhá-las como as lições que vêm para que possamos aprender mais sobre nós e transformar o que precisa de ser polido em nós.

Vivemos na polaridade iremos sempre atrair todo o tipo de dinâmicas nas nossas vidas, e vai haver aquelas que nos vão tocar mais, seja pelo desconforto, seja pelo conforto e que são os "despertadores" para que possamos nos questionar e perceber como está a nossa relação connosco.

Só vou reconhecer no outro o que tenho dentro de mim. Há umas semanas dei por mim a identificar o tema de autoridade e a fazer uma viagem dentro, de como antes chocava com as pessoas por de alguma forma sentir a sua autoridade e refutá-la. Tinha o conflito de "quem és tu, qual a tua autoridade para me estares a impingir a tua verdade?", havia dentro de mim a vontade de ser livre e de alguma forma sentia que me tentavam controlar e pôr regras. A vida e a consciência foi-me mostrando que tinha uma autoritária dentro de mim, inflexível, que ou era preto ou era branco, e eu não aceitava e entrava em conflito com essa "gaja" que morava cá dentro e queria catalogar e controlar tudo. Só dessa forma se sentiria segura e protegida. E à medida que foi acedendo e conversando com a autoritária que tinha dentro foi apaziguando-a e abrindo-se para novas perspetivas e percebendo que realmente não se controla nada e que mesmo não controlando, é seguro. Deixara de se agarrar ao fora para se sentir segura, pois tinha  começado a dialogar dentro de si.

E à medida que vai dando consistência ao trabalho interior, o exterior vai-se transformando. De repente os autoritários desaparecem ou a percepção que tinha dessas dinâmicas. E claro que aparecem dinâmicas relacionais de pessoas que só vêem a sua verdade, e a delas é que é a certa, e as outras estão erradas, reconheço o padrão, porque também o tenho dentro, mas já não gera conflito, já não causa desconforto, apenas vejo, assisto e respeito. Não as quero mudar, não quero ter razão, aliás a diversidade de perspetivas acrescenta-me e também me faz recordar a importância de ser fiel comigo, de aceitar a minha autoridade interna, das leis e verdades que me regem, aceitando que evoluem à medida que vou caminhando. Porque se ao longo do percurso não for sendo recordada, posso me esquecer e voltar a ser rígida e inflexível comigo, ou se calhar, se houve alguma coisa que me chamou a atenção, serve também para no momento fazer a reflexão - neste momento na minha vida há algum ponto ou área de vida que estou a ser mais rígida e autoritária comigo? E a seguir rever, limpar, fortalecer.

No outro dia, estava eu numa saída noturna, que já não saía para bares e dança a algum tempo a observar o contexto e ambiente e a dizer, já não me lembrava como era este ambiente e realidade, realmente há coisas das quais não tinha saudades. E sentada a apreciar, dou por mim a observar os meus lindos pensamentos "ai senhores, o que aquela tem vestido, hmmm... Esta deve ter umas quantas plásticas e silicones em cima" e divertida a ver o que ia brotando desta mente maravilhosa, veio-me a palmadinha nas costas, sim senhora, muito bom, perceber como está a tua crítica e ri-me. Olha que giro ter percebido mais material para trabalhar. Como está a tua auto-crítica? Toca a observar-te. E em pequenas coisas comecei a detetar resquícios em mim de crítica, de exigência e que subtilmente também estava a exigir de fora. E estes despertadores permitiram-me simplificar, ser mais benevolente e amorosa comigo. Vamos lá desfrutar mais, experimentar mais, brincar mais.

E quanto mais vivo em mim e aceito todas as partes que me constituem mais em paz estou comigo, porque as vou integrando, sem rótulos e percebendo a magia que a vida é, assistindo e celebrando todos os processos e ciclos que vou passando, morrendo e renascendo, sentindo-me segura, apoiada e nutrida por mim e pelo universo que me cuida sempre.

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