Memórias

Memórias. Lembranças que são ativadas com ações, remetem-nos para outros tempos, para outras vidas. Provocam emoções, sensações. Há uma nova perceção que emerge, mas antes que aconteça há por vezes a cópia do padrão, da ação, mesmo que inconsciente, surge a vontade de voltar a repetir. A memória reconhece, identifica e está familiarizada, pelo que o automático repete.

E quando observas essa vontade insaciável que não sabes de onde vem, mas que te sentes impelido a fazer, vem associada as sensações que podem ter causado satisfação ou dor.

E a história é de uma monja que um dia renunciou ao modus vivendi da vida terrena. Libertou-se de todas as memórias e apegos. Dedicou a sua vida à solitude. Alimentava-se de água e tocava uma espécie de xilofone de metal. Ocupava-se da vibração, ecoava em si a vibração e reproduzia-a no seu mundo isolado. Cumpriu o seu papel, o seu propósito de experimentar a vibração do mundo e elevá-la. Repercutia o seu trabalho nas águas dos rios para que elas chegassem recarregadas às povoações.  Purificou-se também de tantas vidas de agitação, de dores e sofrimentos. Experimentou o que era estar cheia de si, na sua companhia. Resolveu voltar com memórias de tanta coisa vivida, voltar a limpar e transformar para que vivesse cheia de si no meio da multidão, cooperar com ela, na sua presença. Já não precisava libertar-se da sua pele, renunciar à vida terrena. Poderia desfrutá-la e cumprir-se, aceitando passar por todas as experiências e purificando-se nelas.

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