O que é o poder?

O poder. Tantas lutas em prol de uma palavra tão pequena e de tanto impacto na vida das pessoas. O que é justo e injusto, quem tem razão? E assim se iniciam as lutas de e pelo poder. Em qualquer batalha só saem vencidos, pois o que a luta implica é todo o desgaste de "provar" que uma verdade é melhor do que a outra. E quantas batalhas moram dentro da mente humana, entre a voz que quer agir de uma forma e a outra que nada quer a inércia?

O mundo lá fora não é muito diferente do mundo que mora dentro e que se debate o tempo inteiro, sem abrir espaço para a negociação. Como se pode dialogar quando ambas as vozes se impõem como detentoras da razão? É uma luta de egos, a protelar que há uma razão melhor que a outra.

E na verdade há uma falta de senso de identidade, de afirmação de quem se é, e a necessidade de delegar a validação do poder ao exterior, para que valide como posição correta. E há aqui um abandono do nosso real poder, da nossa verdade mais intima e profunda que não precisa de aprovação de ninguém, apenas do próprio. A falta de raízes profundas e do senso de segurança dentro, sujeita-nos a ficar à mercê do exterior, famintos por aprovação para que nos possamos sentir seguros.

O resgate do poder, de afirmar um sim e um não quando é essa a vontade profunda, independentemente de qual possa ser a reação do exterior é uma afirmação de poder, de assumir as consequências pela resposta que se dá, sendo inteiro com o que se pensa, com a palavra, o sentir e a ação, assumindo a verdadeira honestidade connosco.

A expetativa que criamos acerca de como o fora vai reagir aos nossos actos, é uma forma subliminar de querermos controlar o meio envolvente e medir/ gerir ao máximo as respectivas respostas, e aí estaremos a condicionar a nossa ação de acordo com as expetativas que alimentamos na mente. O resultado está sempre condenado à frustração e decepção.

Há no fundo de cada ser humano a necessidade de ser reconhecido por ser quem é, de aplausos, e delega essa responsabilidade para o exterior. São os outros que têm de reconhecer já que eu não tenho a capacidade de me reconhecer. E esta grande luta pelo poder, de reconhecimento, de validação gera também a frustração de se estar à mercê das circunstâncias que possam vir a proporcionar ou não esse estado.

A cura está em olhar para dentro, em reconhecer quem se é, em iluminar as sombras que nos perseguem, a celebrar quem se é, o valor intrínseco e amar o todo que se é.


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