tempo

Tempo. É a medida que conta. A unidade que torna mensurável a vida. O que fazes com ela. O que fazes com o tempo? Que histórias te conta ele?

Tantas imagens, mensagens, palavras, emoções, pensamentos... E o sopro de ar que entra em cada segundo pelo nariz e que relembra que respiras, estás vivo.

Uns que lutam contra o tempo por mais uns instantes de vida, outros que decidem cessar o tempo de existência por livre e espontânea vontade. Uns que querem salvar outros e que na verdade apenas se querem salvar.

E o tempo? Esse apenas continua a colecionar imagens, estórias. O risco de salvar a paciente e se apaixonar por ela, de abdicar do risco de amar para salvar a sua vida e a dela também. Os que para se manterem fiéis aos seus ideais agarram o sofrimento de não amar por inteiro, a liberdade de ser livre, o amor eterno vivido em camas separadas. O segredo dos astros escondido nas especiarias.

A terra é o sal, porque aqui há vida e o que seria dela sem sal. A canela com o seu doce e amargo dá a volúpia a vénus, ao sol que ilumina a todos e aquece é a pimenta que vai bem em todos os alimentos. E a cozinha que fala de nutrição, sabores e emoções descreve o ser humano na sua complexidade.

E a mente regista as imagens que o tempo vai recolhendo. O lápis de cera que vai massajando a folha de papel, deixando-lhe cor e textura. A caneta que desenha letras, palavras, frases para que auxilie a memória sobre o que não quer esquecer. Diários que relatam vidas, que nos fazem acompanhar vidas, recuperar dados.

E a voz que quer sair e que usa o tempo para adiá-la. E a contagem decrescente, a mudança de mais um número no calendário gregoriano. Os maias chamavam-lhe sincronário. E o que mudou? Tantas resoluções para o novo ano, como se tudo recomeçasse do zero. Talvez sim, talvez não. Pode o tempo apagar a areia do deserto ou apenas movê-la? Oportunidade em cada sopro, em cada instante, eis a magia do tempo, não daquele longínquo, de amanhã, mas deste instante, a cada segundo que o ponteiro se move no relógio que continua sempre sem parar a mover-se, como as nuvens no céu, as folhas das árvores, o vento lá fora, a noite, o dia.

Tempo, diz-me o que queres que faça contigo, já que é contigo que caminho, ainda que por vezes não te fale ou te ouça. Companheiro silencioso, mas sempre presente, fala-me, quero caminhar contigo.

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