Espaço



Espaço. Entre um grito que sai das entranhas e que arranha toda a garganta para a seguir massajá-la com um haaaaaaaaaaaaaaaaaaaa. Espaço. O esforço contido e o relaxamento. O nó que se desata e o saco que abre. A força e a fragilidade que andam de mãos dadas.

A fragilidade que se quer encarada e fortalecida. Espaço. É preciso espaço para que a vulnerabilidade seja sentida e abraçada. Tempo para que haja espaço. Tempo. Espaço. Há um compasso, uma música e ritmo para serem escutados. Não há pressas, há abraços que marcam passos.

A voz que destapa o frio que o corpo sente. A voz que aquece e neutraliza. Denúncias que curam o que a mente quer esconder. Rodopio para o centro. Observo, sinto, participo. Aí o colo acontece. Há um silêncio cheio, o vazio de a nada pertencer e de tudo encontrar.

A ilusão de que algo faz falta. As células libertam um registo de memórias há muito cristalizado. E agora o gelo descongela. A voz amacia-se, é tempo de acariciar. E o espaço mostra-me o deserto, de areia fina e dourada, onde me deixo voar como um lenço colorido rodopiante. Há tanto espaço para que possa manifestar-me. Leve, livre, solta. E brilho. Toda eu sou sol, sensibilidade e força, num infinito que me dissolve e me liga e me permite ser todas as formas que quiser. Sou una, essência em toda a manifestação.

Comentários