A vida convida-nos a cada instante para que possamos olhar e ver-nos, para que possamos aceder às partes escondidas para iluminá-las. A vida é a escola que nos vai dando as lições diárias para trabalhar. Os sinais vão surgindo sob várias formas, lugares, pessoas, texto, música, mas por vezes preferimos não reparar, não questionar.
Questionar implica colocarmo-nos em causa constantemente, desassossegar os princípios que nos guiam e orientam, permitir que novas respostas surjam. E claro está, incitar à mudança, a transformar-te, a estares constantemente fora da zona de conforto. E isso implica trabalho, estares constantemente a desafiar-te, à procura da tua melhor versão, a derrubar "verdades" que já não te acrescentam e a permitires novos cenários. O factor risco está presente, porque arriscas, é ir por territórios desconhecidos, percebendo que não podes controlar tudo, que só controlas a forma como lidas com o que te acontece e que nessa jornada vais aprendendo mais sobre ti, acedendo a recursos internos que tens, mas que desconhecias pois é a experiência e a vivência que te vai revelando e mostrando o que tens dentro.
A vida é um processo de descoberta, de construção, de subtração, em que vais jogando fora o supérfluo e simplificando. E viver é também uma batalha em que o inimigo principal és tu, que te condiciona, que tem a vaidade de querer ser mais e melhor, o perfeito, aquele que te diz que nada é suficiente e que não desfruta o presente e celebra as conquistas. A dualidade que temos dentro e que nos pede a cada momento superação, para que a paz seja encontrada e restabelecida.
E é no encontro com a adversidade que adquirimos sabedoria, não aquela dos livros, mas do trabalho diário que nos revela a força imensa que temos dentro e que encara e supera os desafios que a vida nos coloca no caminho, com a resiliência, a tenacidade e capacidade de dar a volta. Que nos coloca de frente com a nossa vulnerabilidade, que nos faz cair, errar, falhar e a seguir nos impele a levantar, a cuidar-nos e a querer o melhor para este ser tão amado que és TU! E que ainda que por ignorância, falta de tempo e tantas outras desculpas que arranjamos para não cuidar, está lá para ti, nos momentos mais desafiantes a dar-te a mão para que te levantes e continues o caminho, porque no fundo sabe que mereces mais e melhor. E aí, percebes que estás aí para ti, sempre estiveste, precisavas apenas de recordar-te de ti, para que possas querer amar-te melhor!
E descobres que não estás sozinh@ nesse caminho, estamos todos, cada um à sua maneira a construir-se e quando te abres percebes que há muitas mãos a serem-te dadas, sem julgamento, prontas a caminharem a teu lado, a apoiar-te para que possas brilhar.
Na verdade somos responsáveis por nós, mas também por todos os que nos rodeiam, já que são partes de mim e só posso ser inteira, quando quem está a meu lado brilha também. Que sejamos pois muitos, cada vez mais a brilhar, para que possamos ser mais inteiros.
A adversidade é a música e o ritmo para que a sabedoria possa florescer e chamamos-lhe vida que é movimento com os seus ciclos de contração e expansão.
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