O retorno

Chegar a casa e sentir que a casa não é mais aqui. Sim, há o conforto das paredes, do conhecido, do cão que celebra e se aninha, há a gratidão por ter este lar, dos pertences, por ser bem recebida por esta grande família que me envolve. Mas... há uma nova perceção. É a casa, mas só uma casa. A casa é onde estamos, por onde passamos e a importância que outrora foi dada muda. Uma coisa deixa de ser uma só coisa. A importância e o peso dado a algo muda a uma velocidade estrondosa, a impermanência é cada vez mais constante, como o movimento que altera a paisagem a cada instante em toques subtis, mas que se reparares bem vês.

E tudo tem o sabor do instante, como a areia que nos escorre entre os dedos e se desvanece, ocupando outro lugar e tempo.

Saber que a minha casa é agora aqui, mas também ali e acolá e em todos os lugares faz-me sentir filha de muitas mães, irmã de tanta gente. Perceber que há uma abraço invisível que me acolhe e recebe, sussurrando-me ao ouvido as boas-vindas nesta terra mágica que nos brinda com o grande presente que é a Vida.

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