Intensidade

Intensidade. Foi a palavra que me veio há 3 dias atrás. Um burburinho que acompanha a pedir, escreve-me, mas algo dizia, ainda não. Não estava pronta. As palavras queriam-se lidas primeiro, e então o tempo que escorria nas horas que passavam iam marcando as páginas dos livros que eram devorados a um ritmo compenantre e sôfrego. E a música ia acompanhando este ritmo. Mas não uma música qualquer. Os ouvidos pediam-lhe música nova, sonoridades ainda não desbravadas. E ela satisfazia alegremente estes pedidos.

Hoje ainda sente esta intensidade pelas palavras, mas já se querem expressar. Não faço ideia o que têm para dizer, mas já querem escorrer nesta folha virtual.

Antes de algo nascer, há o período da gestação, e ainda antes dessa há o inexistente, ainda não se gerou. E nesse intervalo, há um espaço preenchido de nada. E abraçá-lo nem sempre é fácil. O automatismo tem gravado nas memórias celulares o fazer, o estado permanente de ação. E quando não se está em modo fazer, vem a questão se estará tudo bem. Poderá estar? Houve uma mudança brusca de estado. Vêm as questões, a impertinência de e agora terei de fazer algo?

Reconheço várias vezes e momentos em que a paragem acontece, ela aparece-me sempre de formas novas, daí não ser imediato reconhecê-la. Mas à medida que a vou abraçando mais e mais, vai-me sendo menos estranha.

É um recolhimento necessário e precioso para reciclar, olhar e ver-me, para cuidar e descansar.

Rever, olhar para o caminho percorrido e reconhecer e reafirmar valores, objetivos, metas, reforçar o compromisso e a relação mais bonita e desafiante que tenho, comigo.

Perceber que há tanto por conhecer e explorar, sou um mistério que se vai revelando a cada dia que passa, soltando segredos bem guardados, que ora assustam ora me fazem sorrir. E como me posso entediar com este ser tão rico e com tanto por esculpir?

Será essa a intensidade de viver. Compenetrar em espaços refundidos e revelá-los à luz do sol para que se iluminem e irradiem. Será essa a força de viver, apesar de por vezes parecer difícil, apetecer desistir, há algo que prende para continuar a descoberta e o reencontro com o essencial.

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