O motor que somos



Por aqui, bem perto. O silêncio e o recolhimento têm chamado e manifestam-se bem perto. A quietude é reconhecida, como se algo estivesse a ser transmutado e para isso, é necessária a paragem.

A vida, o movimento está sempre a ocorrer, ainda que a quietude exterior possa dizer o contrário. São 7 octilhões de atómos e trilhões de células que constituem o corpo humano e que comunicam entre si. Para manter o equilíbrio e vitalidade do organismo elas precisam de conversar, e isso acontece por meio de mensageiros químicos designados de hormónios. E o melhor este processo ocorre sem que dele tenhamos consciência, não conseguimos perceber em detalhe toda esta movimentação que se manifesta de forma tácita e pouco ruidosa.

E curioso... comecei este texto há 4 dias atrás e tanto movimento aconteceu daí para cá. Os convites para sair desta quietude interna e externa para a ação. Remexer na terra, limpar, abriu espaço para que novas situações viessem até mim. A tempestade Ana, os ventos que vieram agitar também as mentes, o solo, mudar as coisas de lugar. E o inverno que se aproxima, o frio que chama para o recolhimento da casa, do conforto, do calor, do ninho.

E cada vez olho para o dia que se apresenta, para os momentos, os encontros, os desencontros, as presenças, as ausências, as contrariedades, as facilidades como uma grande teia invisível onde estamos todos ligados e que vão ocorrendo interseções entre pontos que vão acendendo e ligando a outros pontos e pondo em comum, fazendo com que este organismo vivo que é a Terra, o Universo, o Cosmos continue a pulsar Vida.

Em nós temos o micro e por mais que habitemos a pele que vestimos jamais conseguiremos ter o conhecimento total sobre este ser que somos, infinito na sua composição e funcionamento e na sua impermanência. E por isso tão deslumbrante navegar nas profundezas desse saber, daí cada vez mais os estudos científicos sobre como funciona o cérebro, a mente do ser humano para que possamos aproveitar mais as capacidades e competências que trazemos já connosco em potencial.

E olhamos para o macro, a vida, o planeta e para além dele e temos apenas uma pequena ideia, imaginamos, teorizamos, especulamos sobre a criação, o funcionamento, a articulação, é tão infinito que a nossa pequena mente não tem como captar.

Mas é esta consciência do quão pouco sabemos, e que  há tanto por descobrir, que as verdades absolutas condicionam as nossas lentes sobre a visão do mundo, que nos permite alargar o nosso espectro e ampliar cada vez mais o campo de perceção para o desconhecido.

É preciso criar constantemente espaço, movimento para que possamos receber o novo, para estarmos flexíveis e com energia. É como praticar atividade física, quem pratica tem uma estrutura mais fortalecida, energia, músculo, flexibilidade, resistência para o dia a dia, tem mais saúde, está melhor preparado para os desafios. Quem é sedentário, custa mais movimentar, as dores aparecem mais rápido. E o mesmo acontece com a nossa mente e emoções, vão responder de acordo com o alimento que lhes damos. Se alimentamos com conhecimento novo, livros, viagens, formação, música, relacionamentos e novidade ela estará mais flexível e apta a lidar com a mudança, a novidade e os desafios do que uma mente alimentada sempre pelas mesmas rotinas.

O condutor deste corpo e desta alma tem a função de dar os melhores alimentos para que o motor possa funcionar na sua maior potência. E no processo ir aprendendo, ajustando, atualizando e simplificando o modo de atuar. 

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