Por detrás do Natal

Já cheira a Natal. Ele aproxima-se em passos largos. As ruas iluminadas e enfeitadas, as portas, as casas, as redes sociais, a tv. As mensagens natalícias. Um convite que contagia toda a comunidade. As prendas, as compras, os jantares, os convívios, os rituais. Um contágio que percorre cada um e todos.

Na sua essência há celebração à vida, ao amor, à fraternidade, à família, à união e isso é maravilhoso. Mas há algo que nesta altura me deixa profundamente triste e ausente deste contágio, ainda que reconheça que nem que seja por esta época haver este espírito é maravilhoso. Se há este ritual de celebração e que se espalha pelo mundo para celebrar o amor e a família, nem que seja por 2 dias é fantástico.

Mas dentro de mim mora também a tristeza de tanto comércio à volta desta tradição, do consumismo. Reforça a ligação, as tréguas à paz e depois tudo volta ao dia a dia normal separatista. Falta a essência viva e permanente nos corações.

Nesta época ressalta-se também a desunião, das famílias de costas voltadas, da competição, do jogo da aparência. Dar-se o que não se tem e ficar-se meses a fio a recuperar as extravagâncias pelo exagero tomado. As zangas abafadas que nesta altura também se sobressaltam inspirada pelo copo a mais que se toma na ceia e que ajudam a pôr cá para fora o que há tanto andava reprimido.

Correrias tantas até ao último momento para a compra das prendas, para juntar a família e os amigos e enviar todas as mensagens natalícias, aquelas que se recebem repetidas 50 x, que seguem em cadeia, formatadas, porque não há tempo de enviar uma mensagem personalizado para casa um e é importante deixar o gesto.

Há uma ânsia, uma urgência por cumprir o que é suposto, by the book.

E o quanto me sinto distanciada, silenciosa, mais recolhida. Oro por encontros amorosos, de coração, abraços, palavras sinceras de afecto. Sem hora marcada, gratuitos. Oro por mais Amor e Paz, pela harmonia e cooperação. Que esta época possa sempre tocar de forma profunda e simples os corações e para que consigam ver e escutar para além de todo o folclore e luzes.

Essa sim é a maior prenda que posso receber e oferecer.

Feliz nascimento de ti, que possas nascer em Amor e Paz.

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